Felipe Moura Brasil
Lula, no Twitter, em 28 de abril:
“Não tenho preocupação
com nenhuma delação. Palocci é meu companheiro há 30 anos, é um dos homens mais
inteligentes desse país.”
Lula, no Facebook, em 6 de setembro:
“Palocci repete o papel de réu que não só desiste de
se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do
Ministério Público para obter redução de pena.”
Entre uma declaração e outra, claro, o companheiro
Antonio Palocci, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, entregou Lula e o “PACTO DE SANGUE” do petista com a Odebrecht para o pagamento de R$
300 milhões a si próprio e ao PT.
Como “UM DOS HOMENS MAIS INTELIGENTES
DESSE PAÍS”, o ex-ministro deu
uma aula a Cristiano Zanin, advogado do comandante máximo, sobre a relação
entre oito contratos da Odebrecht com a Petrobras e a compra de uma sede para o
Instituto Lula.
“A empresa trabalha com a Petrobras; a Petrobras dá
vantagens para essa empresa; com essas vantagens, cria uma conta para destinar
aos políticos que a apoiaram; o presidente mantém lá diretores que apoiam a
empresa, para dar a ela contratos; esses contratos geram dinheiro; com esse
dinheiro, eles pagam propina aos políticos. A ODEBRECHT FEZ UM CAIXA (COM OS CONTRATOS DA
PETROBRAS) E DESSE CAIXA FOI SACADO UM DINHEIRO QUE COMPROU ESSE PRÉDIO QUE FOI
DADO AO PRESIDENTE LULA.”
Zanin ainda perguntou “por que a Odebrecht estaria
envolvida na compra deste imóvel” na Rua Doutor Haberbeck Brandão, 178, em Vila
Clementino, São Paulo.
Palocci respondeu:
“Porque o doutor [José Carlos] Bumlai e o doutor
Roberto Teixeira [advogado e também amigo pessoal de Lula] sabiam que a
Odebrecht era uma colaboradora…”
O ex-ministro interrompeu a própria frase e se
corrigiu:
“Colaboradora talvez seja uma palavra…”
Interrompeu-se de novo e, dirigindo-se a Moro,
disse:
“O senhor desculpa, às vezes eu… Eu sou [há] trinta
anos treinado para falar dessa forma. Mas…”
Reformulando, então, sua frase com foco no que
Bumlai e Teixeira sabiam, Palocci prosseguiu:
“QUE A ODEBRECHT DAVA PROPINAS
FREQUENTES AO PRESIDENTE LULA E AO PT. COMO SE TRATAVA DE UM PAGAMENTO DE UMA
PROPINA, ELE [BUMLAI] ACHOU QUE A ODEBRECHT PODERIA PAGAR ESSE TERRENO”, explicou o ex-ministro, considerando que Bumlai lhe
pediu para que solicitasse dinheiro a Marcelo Odebrecht justamente porque sabia
que Palocci conversava com o então presidente da empreiteira “SOBRE ESSAS COISAS”.
A recente entrevista à Veja com o autogrampeador
Joesley Batista, que está longe de ser um dos homens mais inteligentes do país,
também teve um momento similar.
“Falei de PROPINA com a presidente [Dilma] na sala da presidente da
República!”, disse o empresário, dono da JBS.
“O senhor falava ‘PROPINA’?”, perguntou a repórter.
“Não, essa palavra aprendi agora, no Ministério
Público. Eu falava ‘AJUDA’. ‘Vou dar uma
ajuda, um apoio e tal.’”
A diferença entre Joesley e Palocci, portanto, é que
um alegou que dizia “AJUDA” por ignorância, o
outro admitiu que falava “colaboração/colaboradora” por treinamento – até que a
Lava Jato matou os eufemismos, restaurando o trânsito normal entre língua,
percepção e realidade, sem o qual os atos criminosos soam como caridade
exercida.
Curiosamente, o tempo de treino em disfarce verbal
admitido por Palocci a Moro é exatamente igual ao tempo admitido por Lula de
companheirismo com Palocci: 30 anos.
Graças à Lava Jato
– contra a qual Palocci ainda admitiu ter atuado –, também está cada vez mais
claro que a palavra “companheiro” usada por Lula e demais petistas é apenas um
eufemismo para COMPARSAS ou CÚMPLICES de crimes e de
seus acobertamentos. TÍTULO ORIGINAL: A LAVA JATO MATOU O EUFEMISMO. -
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