sábado, 8 de novembro de 2008




CLÁUDIA OHANA REVELA: “NA ÉPOCA, NINGUÉM PEDIA PARA EU ME DEPILAR”
Jornalista Camila Borowsky
ELA CHEGOU COM OLHAR AMEAÇADOR E VOZ FORTE. AOS POUCOS, CLAUDIA OHANA FOI SE DERRETENDO E MOSTRANDO AS DIFERENÇAS ENTRE UMA MENINA DE 20 E POUCOS ANOS E A FORTE MULHER DE 45. DEPOIS DE 23 ANOS DO LANÇAMENTO DA SUA PRIMEIRA PLAYBOY, ELA VOLTA PARA A CAPA DA REVISTA EM UM ENSAIO “FEITO DO SEU JEITO”, EM UM AMBIENTE DO AGRESTE, COM DIREITO A “CABELO SUJO, PÉ NO CHÃO E SUOR”. EM ENTREVISTA COLETIVA EM SÃO PAULO A ATRIZ COMPARA SEUS DOIS ENSAIOS, FALA DE SEU TRABALHO NA TELEVISÃO E DE SEU “EXCESSO” DE PÊLOS. “ACHEI QUE TINHA QUE SER EU E NÃO FAZER UM SHAPE ESPECIAL PARA ESTA EDIÇÃO”, CONTOU.
QUAL FOI A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE O SEU PRIMEIRO ENSAIO, EM 1985 E O DE AGORA? CLÁUDIA - A situação foi completamente diferente. Naquela época, nos anos 80, se fazia muitos filmes com cenas de nudez. Era muito comum. Sônia Braga era minha grande “ídala” porque sabíamos que ela lidava muito bem com a nudez, tirava toda a roupa nas filmagens e ficava conversando com o pessoal. As principais diferenças é que naquela época fiz as fotos no início de carreira e o ensaio durou apenas quatro horas. Hoje tenho uma carreira mais sólida, pensei dez vezes antes de topar, queria fotos bonitas, com a minha cara e participei das decisões.
E QUAIS OS MOTIVOS QUE TE LEVARAM A ACEITAR? Foi uma boa cantada, num bom momento. Sabe quando você está solteira e recebe “aquela” cantada? Foi assim. Também já sou mais velha e tenho um nome na Playboy que, não sei porque ficou tão famosa (risos). Na época não ganhei nada com as vendas. Outro motivo foi para mostrar que é possível chegar aos 45 anos e estar natural e não ser apenas uma pin up siliconada, e sim mais orgânica.
VOCÊ SENTIU ALGUM ARREPENDIMENTO DO PRIMEIRO ENSAIO? Ele tomou proporções maiores aos poucos. Quando ele foi lançado fazia a minha primeira novela, “Com amor, Amor se Paga” e minha personagem era muito ingênua. De uma hora para outra eu estava na capa da Playboy e falavam da depilação. Não fiquei chateada, magoada, mas não gosto das fotos. Gosto bem mais dessa. Pensei que agora faria uma revista como gosto, sendo ressarcida em todos os sentidos.
E AS DIFERENÇAS NO PADRÃO DE BELEZA DA ÉPOCA DE SEU PRIMEIRO ENSAIO PARA AGORA, TODA A POLÊMICA DA DEPILAÇÃO? Na época que fiz a primeira Playboy estava morando na Europa e em nenhum filme, em nenhum momento alguém me pediu para eu depilar alguma coisa. Eu sou uma pessoa que tem bastante cabelo, tinha nas pernas, embaixo dos braços, minha sobrancelha parecia dois lagartos. Hoje gosto da coisa mais depilada. Há uma diferença, mas ainda não acho que me enquadre nos padrões dos anos 2000. Acho que não precisa de tanto. O padrão antigamente era peito pequeno. Tenho medo desse negócio de malhação. A mulher vai virando um homem. E tem mais essa coisa de silicone. Antigamente nem todo mundo se preocupava em ter uma barriga tanquinho.
A DEPILAÇÃO FOI UM ASSUNTO COLOCADO EM PAUTA? Sim. Ela foi o “ponto G” da questão e foi colocada em pauta abertamente. Eu fiquei em dúvida e pensei `Vocês querem ver isso, vou mostrar o oposto´, mas acho que tenho de ser eu e não fazer um shape especial só para esta edição. Ele tem que ser meu shape de todos os dias. Mas em uma hora brincamos no ensaio e colocamos um monte de purpurina. (Apontando para baixo) Ficou tipo a Sapucaí!
VOCÊ FICOU CONSTRANGIDA NA HORA DAS FOTOS? Fiquei com medo de ficar constrangida, mas depois pensei “Ah, eu estou fazendo uma Playboy. Se é para ter vergonha de fazer, não faça”. Confiei muito no fotógrafo e o clima foi muito bom.

QUAL FOI A FOTO MAIS DIFÍCIL? Eu fiz dois meses de aula de circo para montar o ensaio. O mais complicado era subir no tecido e ficar horas. Depois pensar na barriga e na lordose.
COMO FOI A REAÇÃO DE SUA FILHA QUANDO FICOU SABENDO DO ENSAIO? Ela me deu força. Somos muito amigas e temos muito orgulho uma da outra.
O QUE VOCÊ FAZ PARA SE CUIDAR E MANTER ESSE CORPO AOS 45 ANOS? Hoje faço muito mais do que fazia aos 20 anos. Malho todos os dias, vou ao dermatologista, durmo bastante, me alimento a cada três horas. Sou cachorro de raça que dá trabalho.
E PARA A REVISTA, FEZ ALGUM TRATAMENTO ESPECIAL? Já vinha malhando pela minha personagem Cida (a caminhoneira da novela “A Favorita”). Eles queriam que eu exibisse um braço mais forte, mais sarado, até pela profissão que ela tem. Já estava malhando muito puxando ferro, fazendo esteira e cuidando da coluna. É claro que intensifiquei os exercícios, mas não pensei em colocar botox. O segredo é o fotógrafo ser bom e fazer uma boa luz.
O QUE VOCÊ ACHOU DA DECLARAÇÃO DE PEDRO CARDOSO SOBRE A NUDEZ SER ABUSIVA NOS FILMES BRASILEIROS? Acho que ele exagerou um pouco, mas às vezes a nudez é desnecessária e há também aqueles poucos que filmam bem a nudez.
POR QUE ESCOLHERAM COMO CENÁRIO DO ENSAIO O SERTÃO E O CIRCO? Na verdade essa foi idéia do meu agente, Antônio. Primeiro porque hoje faço a Cida, um personagem mais natural. E o sertão é onde comecei minha carreira, fazendo muitos personagens de agreste. A idéia foi colocar pouca maquiagem, pé no chão, cabelo sujo, suor. Um cenário mais cru, mais árido. Já o circo vem da coisa lúdica, do mágico.
VOCÊ SE CONSIDERA UMA PESSOA SELVAGEM? Fisicamente sim. Tenho algo de exótico, olhos grandes, o cabelão. Tipo meio brejeira. No comportamento não sou selvagem, sou bicho manso.
E AS CANTADAS DOS HOMENS, ANDA RECEBENDO MUITAS? Meu personagem não é muito sensual, mas tem uma força. Depois da aparição de Juca e a história de romance, já gritam para mim “Vamos lá para a minha boléia!”
E QUANTO AO APRENDIZADO PARA FAZER A CIDA. VOCÊ APRENDEU A DIRIGIR CAMINHÃO. JÁ ESTÁ DIRIGINDO BEM? Fiz aula de caminhão. Sou esforçada. Se para fazer fotos nua eu aprendi o circo, imagina para a televisão? Agora, não estou dirigindo bem, não. Marcha-ré é fácil, baliza ainda não. Ainda não estacionei.
COMO SERÁ O FINAL DE CIDA? Estou torcendo para ela ficar com o Juca, mas é claro que ainda virão problemas porque ele vai se envolver com drogas. Mas acho que eles têm que ficar juntos. São os dois largados na vida e a família dela acha que ela precisa casar. Eu torço pelos dois.
E VOCÊ ESTÁ SOLTEIRA? (Risos) Nossa, sabe que essa é a pergunta mais difícil? Sabe quando você não sabe se está ou não? Estamos nos conhecendo...

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