sábado, 29 de novembro de 2008


VOTO COM FRAUDE
Jornalista Pedro Marins
do Diário de Pernambuco
Uma comprovação muito grave revelada na Câmara dos Deputados, deve abrir uma discussão que pode levar à revisão de vários resultados eleitorais, principalmente em locais onde o placar de votos foi muito apertado. “Houve fraudes eleitorais que não deixaram qualquer rastro de violação das urnas eletrônicas”, afirmaram, com demonstração de casos concretos de falhas, o professor de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Dourado Rezende e o diretor da empresa Microbase Tecnologia Frederico Gregório. Os dois participaram de uma audiência pública da Subcomissão de Segurança do Voto Eletrônico, justamente no dia seguinte a uma reportagem do Jornal da Band mostrando fortes indícios de erros na eleição de Caxias (MA). Na TV, dois técnicos da USP atestaram que urnas tiveram lista de códigos digitais e programas alterados. A Polícia Federal investiga o caso. O sentimento de desconfiança no voto eletrônico sempre existiu por uma constatação simples. Se o sistema fosse mesmo infalível, como sustenta a Justiça Eleitoral, por que não era implantado em nações desenvolvidas? E se redes muito mais importantes como a da Nasa nos EUA, já foram violadas, por que a nossa ficaria imune? Além destas conclusões, especialistas e parlamentares criticaram a resistência do TSE em admitir as fraudes. As suspeitas sempre foram jogadas na vala comum do desprezo sendo classificadas como “choro de perdedor”. Mas, a revelação pode trazer novo alento, por exemplo, para Bolivar (PR), que perdeu a prefeitura de Orocó para Dedi (PT), por somente seis votos. Em Gravatá, Bruno Martiniano (PTB) foi derrotado por apenas 90 votos por Ozano Brito (PSDB). Tem ainda o caso de Camaragibe, onde João Lemos (PCdoB) foi reeleito com diferença de 523 votos. O segundo lugar Demóstenes Meira (PSC) contesta na Justiça, em razão das falhas em 66 seções que só funcionaram à tarde. Por isso pediu eleições suplementares nas urnas defeituosas. Resta saber se os políticos terão força suficiente para dobrar a Justiça e rever a segurança do voto eletrônico. Afinal, onde fica o papel de legislador do Congresso?
RÁPIDO - São necessários apenas 30 segundos para alterar uma urna eletrônica. A partir do “flash de carga”, um programa fraudador torna corruptível 100 máquinas e ao ser desativado não deixa qualquer rastro ou indício de violação. Quem garante é o técnico Frederico Gregório, da Microbase Tecnologia;
AUDITORIAS - Técnicos sugeriram aos deputados medidas para aperfeiçoar o voto eletrônico e reclamaram do TSE por não permitir auditorias ou testes de “penetração nas urnas”. Eles sugerem que um colegiado de notáveis trabalhe com o Congresso na elaboração de um novo sistema eletrônico de votação, aberto e transparente;
COMPRA - O deputado Sérgio Leite, do PT, (foto), que perdeu a disputa pela Prefeitura de Paulista, soube de confissão de compra de muitos votos em duas vezes. “O eleitor dava o título ao agenciador que pagava a entrada. Após o voto ser computado por outro e o documento devolvido saia o complemento”.
CABRESTO - As fraudes muitas vezes nem precisam de tecnologia, só de parceiros desonestos e cúmplices. A falta de fiscalização, claro, só ajuda a perpetuação do voto de cabresto, agora eletrônico.
IRREAL - Até quando o poder público e a sociedade vão continuar fingindo que existe transparência nas contas das campanhas eleitorais?



CÂMARA DE VEREADORES DO RECIFE
Jornalista André Raboni
A Câmara de Vereadores do Recife vem empurrando com a barriga há quase três anos a aprovação do Plano Diretor para a cidade. Ontem, mais uma sessão na qual se votaria o Plano foi adiada por falta de quórum.
Recebendo um salário de mais de 7.000 Reais (fora as verbas de gabinete), os vereadores não mediram esforços para aprovarem, recentemente, o aumento dos próprios salários para mais de 9.000 Reais (o que equivale a mais de 22 salários mínimos), além da criação de 3 cargos especiais para vereadores não-reeleitos.
Daí, perguntar não ofende:
Se os vereadores também são trabalhadores - como disse o porta-voz da Câmara, Augusto Carreras (PV) -, então, aonde estão esses “trabalhadores” que não trabalham? Estariam de férias?
Pelo visto, o patrimonialismo em nossas casas legislativas anda em alta… Os vereadores parecem não trabalhar para a cidade; mas, apenas, em benefício próprio.
Daí, perguntar mais uma vez não ofende:
Vale a pena manter o custo de uma casa legislativa que não se preocupa com a cidade, que não produz nada além de nomear ruas, praças, avenidas, feriados, homenagear seus pares e seus amigos, e, o que é pior, praticar o chupa-cabrismo cotidiano no erário público?
Acho que já passou a hora de reformar a nossa estrutura democrática. Cada dia fico mais convencido de que meu voto nulo foi realmente acertado…

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