domingo, 29 de abril de 2018
ATAQUES EM SÉRIE À LAVA JATO SÃO PARA FAVORECER LULA OU TODOS OS OUTROS?
Eliane Cantanhêde
A Lava Jato enfrenta três ataques frontais: a
pressão para revogar a prisão após condenação em segunda instância, A AUTORIZAÇÃO DO SUPREMO PARA O SENADOR CASSADO
DEMÓSTENES TORRES SER CANDIDATO EM OUTUBRO e,
agora, a retirada de trechos das delações da Odebrecht da mesa do juiz Sérgio
Moro. AÍ TEM!
São três frentes e três ministros da Segunda Turma
do Supremo, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, com um aliado
atuante na Primeira Turma, Marco Aurélio Mello, que decidiu matar no peito a
prisão em segunda instância.
ESVAZIAR A LAVA JATO – A nova jogada, envolvendo os trechos sobre o
ex-presidente Lula nas delações da Odebrecht, gerou perplexidade e uma única
certeza até no próprio Supremo: há uma trama não apenas para favorecer Lula e
esvaziar Moro, mas para favorecer os demais peixes graúdos fisgados e esvaziar
a própria Lava Jato. SÓ POR ISSO, GILMAR, LEWANDOWSKI E
TOFFOLI TERIAM MUDADO O VOTO DADO EM OUTUBRO DE 2017.
A partir dessa certeza, acumulam-se dúvidas sobre
qual a amplitude da decisão e quais serão os próximos passos. Um ministro do
Supremo chegou a encomendar parecer de auxiliares para tentar desvendar o
mistério e não ser surpreendido mais adiante. Até agora, há esforço para tentar
minimizar a decisão da Segunda Turma, alegando que foi uma “MERA FORMALIDADE” e que Moro continua com os inquéritos do sítio de Atibaia e do
Instituto Lula, podendo até pedir o compartilhamento de provas (como as
delações da Odebrecht), se julgar necessário.
MANOBRA AMPLA – Não é tão simples. Se fosse, os três ministros não
mudariam o voto de poucos meses antes, nem passariam por cima de uma
constatação óbvia para juristas e leigos: as delações da Odebrecht TRATAM DIDÁTICA E DIRETAMENTE DAS RELAÇÕES
TRIANGULARES ENTRE LULA, A EMPREITEIRA E A PETROBRÁS. Logo, são parte inquestionável da Lava Jato, que
está sob a jurisdição de Moro.
Isso é tão óbvio quanto a importância da prisão em
segunda instância no combate à impunidade. Ou quanto a irrelevância das
revisões no STF e no STJ de julgamentos em tribunais regionais – como, aliás,
mostrou o ministro Luís Roberto Barroso com números contundentes. Apesar disso,
persistem as tentativas de retrocesso no Supremo e também no Congresso.
CASO DEMÓSTENES – E o que dizer da decisão de Toffoli,
em liminar, e depois da Segunda Turma, em julgamento, autorizando a candidatura
de Demóstenes apesar da cassação pelo Senado? Ou melhor, depois de tudo? UMA IRONIA QUE SE FAZ EM BRASÍLIA É QUE TOFFOLI
NÃO DECIDIU ASSIM POR MORRER DE AMORES POR DEMÓSTENES, mas talvez por morrer de amores por outro
personagem: Lula, que, hoje, está preso em Curitiba e tecnicamente inelegível
pela Lei da Ficha Limpa. Não custa lembrar que, num mesmo dia, a terça-feira
passada, Gilmar admitiu de manhã em São Paulo, em tese, a possibilidade de
redução da pena de Lula; à tarde, chegou esbaforido ao STF para votar pelo
envio das delações da Odebrecht sobre Lula para a Justiça paulista; à noite,
foi se encontrar com o presidente Michel Temer no Palácio Jaburu.
MOTIVAÇÃO –
A ironia, no caso de Gilmar, é que ele não fez tudo isso por amor a Lula nem
por algum personagem específico, MAS
POR VÁRIOS DELES. Além de fazer também por rigor na
interpretação da lei, que ninguém lhe nega.
Agora, tenta-se adivinhar os próximos movimentos
de Toffoli, Lewandowski e Gilmar na Segunda Turma e de Marco Aurélio correndo
por fora, mas com o Ministério Público na cola e a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, compartilhando a perplexidade geral e as desconfianças
que assolam Brasília. Meio de
brincadeira, meio como provocação: A
DELAÇÃO DE ANTONIO PALOCCI TAMBÉM NÃO TEM NADA A VER COM A LAVA JATO? E será retirada de Sérgio Moro? Tudo parece
possível.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário