domingo, 4 de setembro de 2011

Hoje faz 3 anos da morte daquele tipo de homem que não ajudava em casa, era dono do controle remoto e só contava vantagens para os amigos. Trata-se do machão Waldick Soriano...



TODO CACHORRO MERECE IR PRO CÉU, CORNO TAMBÉM...
Altamir Pinheiro

ELE NÃO ERA CACHORRO, NÃO, MAS ISSO É O DE MENOS!!! POR ANOS E MAIS ANOS ESPECIALISTAS VÊM DEFENDENDO A TESE DE QUE NOSSA RAZÃO DE SER – OU NÃO SER CORNO – É UM DILEMA FILHO DA PUTA PARA A MACHARIA DESSE MACHISMO NORDESTINO. EU MESMO, CONFESSO, A QUEM QUISER E A QUEM INTERESSAR POSSA  QUE,  TENHO TODAS AS FERRAMENTAS PARA SER UM CORNÃO DA “URÊIA LASCADA”... NESSA MINHA DESASTRADA TRAJETÓRIA DE VIDA, TENHO TUDO PARA CONVIVER DEFINITIVAMENTE COM UMA PERUCA DE TOURO. NÃO É QUE EU TENHA MEDO DE SER CORNO. NÃO, EM ABSOLUTO!!! SOU ALTAMENTE CONSCIENTE QUE CHIFRE FOI FEITO PRA HOMEM, BOI USA DE ENXERIDO. COMO TAMBÉM ACHO QUE,  SER CORNO – OU PUTA - ESTÁ NA MODA. AFINAL DE CONTAS, EXCLUSIVIDADE SEXUAL É FICÇÃO. POIS BEM, E POR FALAR EM CORNANÇA, HOJE FAZ 3 ANOS QUE   O MUNDO PERDEU UM DE SEUS MAIORES CHIFRÓLOGOS, O CANTOR POPULAR WALDICK SORIANO, MORTO AOS 75 ANOS. IMAGINO IMEDIATAMENTE UMA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS(ABL) QUE FUNCIONASSE COMO LEGÍTIMO REDUTO DO HOMEM DO POVO, COM B DE BREGA PISCANDO EM NÉON, LETRAS SEM O MENOR PUDOR EM RIMAR “CORAÇÃO” COM “SOLIDÃO” E O INTÉRPRETE DE EU NÃO SOU CACHORRO NÃO OCUPANDO A CADEIRA 42 – O CONTRÁRIO DA 24 PORQUE WALDICK CHORAVA MAS ERA MACHO PRA CARALHO. COMO DIZ O CANTOR E COMPOSITOR BENITO DI PAULA O WALDICK ERA CAFONA, SIM, MAS OS BEATLES TAMBÉM ERAM!!!

Eu Nao Sou Cachorro Não

Eu não sou cachorro, não
Pra viver tão humilhado
Eu não sou cachorro, não
Para ser tão desprezado

Tu não sabes compreender
Quem te ama, quem te adora
Tu só sabes maltratar-me
E por isso eu vou embora.

A pior coisa do mundo
É amar sendo enganado
Quem despreza um grande amor
Não merece ser feliz, nem tão pouco ser amado

Tu devias compreender
Que por ti, tenho paixão
Pelo nosso amor, pelo amor de Deus
Eu não sou cachorro, não


OS ENIGMAS DE WALDICK SORIANO
NA CIDADE NATAL
Por André Koehne

Eurípedes Waldick Soriano nasceu em Caetité, Bahia, a 13 de maio de 1933. Filho de Manuel Sebastião Soriano, garimpeiro de ametistas; quando era pequeno viveu o drama do abandono do lar pela mãe. Iniciou a carreira artística com o lançamento, em 1960, do primeiro LP: QUEM ÉS TU. Fez enorme sucesso no começo dos anos 1970, quando protagonizou dois filmes e vários comerciais. Gravou aproximadamente 900 músicas, além de haver composto cerca de 500. Dono de voz única, sua música é dita por vezes como “PIEGAS”, e chega mesmo a ser o símbolo do estilo que hoje, já sem a pesada conotação pejorativa de antigamente, chama-se de BREGA – e que na verdade passeia pelos boleros, tangos, choros, etc. Após ter diagnosticado em 2006 um câncer na próstata, Waldick veio a falecer dois anos depois, em 4 de setembro, no Rio de Janeiro. Alguém dizer que nasceu em Caetité é, para os que conhecem o Waldick de velhos tempos, pertencer a toda parte; não há quem, com mais de trinta, nunca tenha ouvido aquela sua voz única, de timbre inigualável. Ou, se a pessoa fingir não saber quem é, fica impossível não se identifique com o sucesso de 1974 – “EU NÃO SOU CACHORRO NÃO”... Ser caetiteense, como ele, contudo, é deparar-se com uma infinidade de facetas misteriosas do ídolo que despontou para o Brasil nos anos 60 do século XX; sobretudo porque em sua cidade natal viveu ele uma relação de amor e ódio, altos e baixos, culminando com a consagração quando muitos começavam a esquecê-lo e, finalmente, numa enorme saudade... Para os que não sabem, Caetité não é mesmo uma cidadezinha comum. Bem antes do Waldick já dizia o engenheiro Teodoro Sampaio (o que dá nome à avenida paulista, não a dupla sertaneja) num livro, em 1880, que tal cidade “se assemelha ao viajante qual a Corte do sertão”. Aqui nasceram figuras ilustres, como Anísio Teixeira (já estampou uma cédula de nosso dinheiro), três governadores da Bahia, um presidente da UNE, dentre outros tantos nomes. É em Caetité que se passa a ação do romance Sinhazinha, do Afrânio Peixoto – baseado num drama vivido aqui por uma tia do poeta Castro Alves... Pois, neste rincão sertanejo e baiano, cheio de nobreza, uma das antigas famílias da terra é a Soriano. Era Soriano o primeiro marido da mãe de um deputado do Império – o Cezar Zama (que dá nome a uma avenida no Rio de Janeiro). E já mexiam, os Soriano, com mineração desde tempos imemoriais. Mas o Soriano que foi Waldick não era da “nobreza” da terra – afinal ele nascera no distrito de Brejinho das Ametistas – algo que somente os que vivem em sociedades cheias de castas poderá compreender como faz diferença... Assim, Waldick era um sujeito que guardava uma origem humilde, sim, mas tinha no sangue a raiz da “NOBREZA”. Era a figura do bruto, na imagem que se divulgava, mas capaz de compor versos como “HOJE QUE A NOITE ESTÁ CALMA / E QUE MINH’ALMA ESPERAVA POR TI / APARECESTE AFINAL”... (QUANTOS HOJE ESCREVEM “MINH’ALMA”?) Waldick saiu da terra natal, e ele mesmo ajudou a construir histórias em torno de si que fazem-no ora mito, ora realidade. Mesmo em Caetité, naquilo que lá viveu, a fantasia mistura-se à verdade: por exemplo, ao dizer que tinha raízes gregas na família – quando era de origem espanhola. Ou, no plano meio feérico da academia, a obra “Enciclopédia do Cinema Brasileiro”, de Fernão Ramos e Luiz Felipe Miranda, que traz lá um Waldick no elenco do filme “A Sombra da Violência” de 75, confundindo-o com o obscuro cantor Waldir Floriano, na verdade seu cover... Escrever um esboço biográfico dele para a Caetité natal é uma tarefa a que nos propomos, para o futuro. Não temos uma pretensão tão grande quanto ele – pois Waldick é um nome que pertence a todo o Brasil, e não apenas à sua terrinha. Mas é, sim, a nossa intenção fazê-lo naquilo em que o ídolo viveu na sua cidade. Pois Waldick influenciou muita gente... Tudo faremos para manter acesa a lembrança deste grande boêmio que se eternizou na música brasileira, e fez dela algo que, de fato, cantou à alma de nossa gente.








Um comentário:

Anônimo disse...

Ótima matéria Altamir, parabens.

Abelardo.