Miguel de Almeida
Meses atrás, diante de
uma frugal salada de folhas e legumes, perguntei ao meu querido amigo Ferreira
Gullar: por que um cara INTELIGENTE e talentoso como Chico Buarque ainda
defende esse pessoal que enfiou o país nesse salseiro de corrupção? Ex-comunista
que amargou sete anos de exílio por suas ideias e defesa da liberdade, mas
chamado de reacionário pelos cães digitais do aparelho petista, não titubeou:
Chico acha que qualquer critica sua fará o jogo da direita.
O naufrágio petista e a
tática avestruz de parte da intelectualidade ligada ao partido, de tudo negar,
inclusive as evidentes marcas de batom na cueca, custarão cada vez mais caro à
democracia brasileira. Chico Buarque e Marilena Chauí, entre outros, se
comportam à semelhança de Michel Temer ao elogiar as qualidades do lar da
mulher contemporânea: são autistas por oportunismo, não desinformação.
Desde a
redemocratização, o brasileiro experimentou as diversas receitas postas à mesa:
do enlouquecido Collor ao populista Lula, com passagem pelo cordato FHC (Dilma
não conta: é pau-mandado). Transformou um tipo anacrônico como Itamar Franco em
reformista radical e agora torna Temer, um ventríloquo da velha política e
sacros privilégios, em arauto das reformas que não querem calar.
Não se pode dizer que o
eleitor brasileiro não tentou vários caminhos, mesmo que tenha dado com os
burros n’água. Só que ele lida com as possibilidades postas à sua escolha. Teve
de escolher entre Freixo e Crivella. Antes, entre Dilma e Aécio. Percebe-se
então que o cardápio de opções refletem ideias ainda contaminadas pelo embate
político forjado no pós-guerra.
Será interessante notar
o percurso errático a ser trilhado por Trump nos próximos anos. Eleito com um
discurso passadista, antiglobalização, suas medidas têm sido contestadas pelas
empresas (conceitos) que representam o mundo pós-nações: Apple, Google e
Airbnb. Como Trump enfrentará a força de filosofias como a economia
compartilhada e o mundo em rede dentro da sociedade do conhecimento? Marcas
como Microsoft e Facebook deixaram-no nu ao dizer que precisavam do CÉREBROdos
cientistas iraquianos, e as principais universidades americanas não abriram mão
de seus professores iranianos. O mundo pós-nações torna obsoleto conceitos
oitocentistas como a rigidez de cascos pregada à esquerda e à direita.
Daí o pauperismo de
ideias fornecido pelo quadro político partidário brasileiro, sempre caudatário.
Ainda preso a modelos e discursos ultrapassados pela História. A relutância do
PT e de seus principais apoiadores em oferecer uma autocrítica de suas práticas
— ora avaliadas em Curitiba — enfraquece ainda mais o debate político. Tivesse
a esquerda melhor julgado a luta armada, e o Brasil teria sido salvo de José
Dirceu e Dilma Rousseff, entre outros. A moral dos guerrilheiros — em nome da
causa tudo se justifica, da expropriação ao justiçamento — contaminou o modus
operandi da política petista. Ao encontrar um notório social climbing como
Lula, a coisa toda ganhou colorido de oportunista luta de classes.
Com receio de servir à
direita, rematados intelectuais e formadores de opinião conduzem o país ao
infantilismo político quando não exigem uma autocrítica dos meios operativos do
PT no poder. Nem a revelação do montante amealhado — extorquido? — das empresas
por José Dirceu levou seus simpatizantes a uma única critica pública. Só nas
coxias.
Isso faz bem a quem? Só
aos delituosos. Nikita Kruschev escancarou os crimes de Stálin, mas o silêncio
de Chico Buarque é incapaz de me convencer que José Dirceu e Delúbio Soares
sejam heróis do povo brasileiro.
Um comentário:
Nosso que Blog mais chula esse!!!!!!!!! Por favor, a linguagem é pra lá de medonha de pobre e sem noção...Ainda bem que ninguém curte essa porcaria.Aff!
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