Carlos Newton
Quem acompanha a Tribuna da Internet sabe que o editor não é chegado a teorias conspiratórias. No caso do atentado a Jair Bolsonaro, que chegou a perder 40% do sangue e correu grave risco de morrer, a figura do esfaqueador Adélio Bispo de Oliveira é bastante adequada para alimentar diferentes versões, por levar uma vida altamente contraditória e suspeita.
DINHEIRO VIVO -Desempregado, declarando-se “servente de pedreiro”, pagou em dinheiro 15 dias de hospedagem na pensão em Juiz de Fora, circula por vários Estados, esteve fazendo treinamento de tiro em Santa Catarina, apresenta-se bem vestido, a polícia apreendeu em seu quarto um notebook e quatro celulares, realmente é um personagem estranho e singular.
O maior mistério é: quem sustentava Adélio Bispo do Rosário? Diversas possibilidades se abrem. Seus parentes informam que há oito anos ele tornou-se missionário da Igreja do Evangelho Quadrangular, o que explicaria o motivo de passar maior parte do tempo se deslocando entre vários lugares.
PÉ NA ESTRADA – “Ele sempre ficava viajando entre Uberaba, Uberlândia e Santa Catarina”, disse uma sobrinha de Adélio ao Estado de Minas. Se estava a serviço da Igreja do Evangelho Quadrangular, a Polícia Federal não haverá dificuldade para descobrir. Basta perguntar a seus líderes no Brasil.
Trata-se de uma seita pentecostal canadense, criada há 74 anos e que se faz presente em 146 países. No Brasil, acredita-se que já tenha perto de 2 milhões de seguidores. Mas será que era a Igreja do Evangelho Quadrangular que financiava Adelio Bispo nessas idas e vindas?
Posso estar enganado, mas não há lógica nesse roteiro, nenhuma organização religiosa tem missionários ambulantes, que façam percursos fixos, tipo representantes comerciais. Deve haver outra explicação, e logo saberemos.
QUEBRA DE SIGILO – Como o sigilo dos quatros celulares e do notebook já foi quebrado, vão surgir informações preciosas. Falta quebrar o sigilo bancário, para saber se ele movimentava dinheiro em contas e quem fazia depósitos. Depois disso, a situação vai clarear muito.
Quanto a seu estado mental, os parentes estão dizendo que ele “surtava”, mas o relato é inverossímil, porque quem surfa fica violento, e isso não acontecia com ele. A família parece estar fazendo um esforço para beneficiar a defesa. Dizem também que ele ficava horas no quarto falando, mas isso não indica nada, porque Adelioe podia estar usando simplesmente os celulares.
Por fim, não deve despertar teorias conspiratórias o fato de estar sendo atendido por quatro advogados e não por um defensor público. Casos de grande repercussão costumam ser defendidos gratuitamente por advogados que querem ganhar renome. Apenas isso.
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