terça-feira, 4 de setembro de 2018

O SEBOSO DE CAETÉS SÓ PODE SER CANDIDATO EM 2038, QUANDO TIVER COM 93 ANOS...


Eduardo Oinegue

Só quem tem 76 anos ou mais sabe o que é eleição presidencial sem Lula. Entre os 147 milhões de eleitores registrados no cadastro eleitoral, apenas sete milhões de pessoas pertencem a esta faixa etária. Tinham ao menos 18 anos para votar em 1960, ano em que se disputou no Brasil a última eleição direta para presidente antes do regime militar. Após a redemocratização, lá estava ele na corrida de 1989 ao Palácio do Planalto. Naquela e em todas as outras que se seguiram. Participou pessoalmente em cinco, duas por intermédio de Dilma. O placar, a seu favor, está assim: quatro vitórias e três derrotas.

Para os demais 140 milhões de eleitores, mesmo os que votarão pela primeira vez em 2018, eleição presidencial e Lula pareciam inseparáveis, feito arroz e feijão.

INELEGÍVEL – Só que veio a Operação Lava-Jato, vieram os inquéritos, as denúncias, as ações penais — e veio a primeira condenação, seguida da decisão colegiada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tornou o ex-presidente inelegível por força da Lei da Ficha Limpa.

Com a sessão do Tribunal Superior Eleitoral, finalizada na madrugada de sexta-feira para sábado, encerraram-se as discussões sobre a candidatura Lula. Eventuais embargos interpostos por sua defesa nos próximos dias não mudarão a realidade. A reunião agendada para segunda-feira entre Fernando Haddad e o ex-presidente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba tampouco alterará a situação jurídica de Lula. O momento chegou: ou o PT troca o cabeça de chapa ou estará fora da eleição. Simples assim.

TRAGÉDIA ANUNCIADA – As lideranças petistas sempre souberam que o momento chegaria. Por mais que tenham proferido discursos empolgados à militância, nunca se iludiram com as chances na Justiça. Ou será por acaso que bolaram uma campanha de marketing dando a Haddad uma visibilidade inédita para quem seria apenas vice?

Lula também tinha clareza de que mais dia menos dia seria preso, e que lá ficaria por um bom tempo. Ou será também por acaso que tenha deixado um farto material gravado em áudio e em vídeo? Há falas suas apoiando candidatos a governador, recomendando votos nos candidatos ao Congresso Nacional, às Assembleias estaduais e falando bem do “vice” Fernando Haddad. Tudo estudado, tudo programado. Se acreditasse no desfecho positivo da campanha “Lula Livre”, deixaria as gravações para quando saísse da cadeia.

SUBSTITUIÇÃO – Como a cúpula partidária prometeu não deixar Lula na chuva, o desafio agora é anunciar a substituição sem dar aos admiradores do ex-presidente a impressão de que foi abandonado.

Esse é o desafio do PT, que seguirá seu caminho. Resta o desafio pessoal de Lula. A não ser que seus advogados consigam tirar um coelho da cartola quando recorrerem ao STF, a matemática penal que recai sobre Lula é dramática. Pela legislação, um condenado só pode disputar eleições oito anos depois de encerrado o cumprimento da pena que lhe foi imposta.

A pena imposta a Lula pelo TRF4 foi de 12 anos. Doze anos mais oito anos dá 20 anos. Até 2038, portanto, quando terá 93 anos, Lula não poderá disputar eleições. Ficará fora da corrida de 2018, e das 6 seguintes. - A manchete não faz parte do texto original - 

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