Augusto
Nunes
Dura é a vida de petista no Brasil da
Lava Jato. No começo desta semana, por exemplo, a seita dos devotos de Lula fez
o possível para animar-se com o desempenho do chefão no Datafolha. A pesquisa
informa que, se a eleição de 2018 fosse realizada agora, o único líder popular
do mundo que só se apresenta para plateias amestradas venceria no primeiro
turno candidatos que, como ele, acabarão impugnados pela Odebrecht. Se o índice
obtido pelo ex-presidente não é lá essas coisas, a taxa de rejeição está perto
de 50%. Metade do eleitorado quer ver pelas costas o antigo campeão de
popularidade. O que restou do PT também fez o possível para entusiasmar-se
com a chegada da Lava Jato a figurões do PMDB instalados na cúpula do governo
Michel Temer, como se ninguém soubesse que a ladroagem do Petrolão resultou da
parceria entre o partido do governo e a sigla que não consegue respirar longe
do poder.
O restante da semana reafirmou que, no
Brasil enfim inconformado com a canalhice hegemônica, ALEGRIA DE ADORADOR DE
GATUNO AGORA DURA POUCO. Nesta quinta-feira, a ofensiva contra os corruptos foi
retomada pelas primeiras revelações de Marcelo Odebrecht e pelo detalhamento de
bandalheiras envolvendo o patrimônio imobiliário do ex-presidente. COMO INSISTE
EM JURAR QUE NÃO LHE PERTENCEM PROPRIEDADES QUE GANHOU DE EMPREITEIROS AMIGOS,
O DONO DO TRIPLEX NO GUARUJÁ E DO SÍTIO EM ATIBAIA só não recebeu de Guilherme
Boulos uma carteirinha de sócio do clube dos sem-teto por ter registrado em
cartório a posse do apartamento onde mora em São Bernardo. Alcançada no fígado
pelo primeiro golpe da Odebrecht, a defesa de Lula avisou que não comentaria
“especulação de delação” e enfiou o rabo entre as pernas.
O que a tropa de bacharéis sem álibi
chama de “especulação” reduziu sensivelmente a distância que separa seu cliente
da cadeia. Na segunda-feira e na terça, já nos depoimentos
inaugurais, Marcelo Odebrecht confirmou que fez pagamentos ao
ex-presidente, alguns deles em espécie. OS MAÇOS DE CÉDULAS foram
providenciados pelo Setor de Operações Estruturadas, codinome do departamento
de propinas da maior empreiteira do país. O Ministério Público e a Polícia
Federal já podem provar que é Lula o “Amigo”, codinome que identifica nas
planilhas o beneficiário de 23 milhões de reais. Desse total, 8 milhões de
reais foram pagos em 2012, “sob solicitação e coordenação de [Antonio]
Palocci”, informa o relatório de indiciamento do ex-ministro dos governos Lula
e Dilma, HOJE DANDO EXPEDIENTE NA CARCERAGEM DA POLÍCIA FEDERAL EM CURITIBA.
Só na terça-feira, a abertura da
caixa-preta controlada por Marcelo Odebrecht, acompanhada por dois advogados e
quatro procuradores federais, consumiram 10 horas de revelações. Não é pouca
coisa, e no entanto é um quase nada diante do que está por chegar. Além de
Marcelo, o herdeiro que sabe muito, logo estará em cena o patriarca que tudo
sabe. O codinome do mais poderoso lobista a serviço do departamento de
bandidagens da empreiteira foi sugerido pela fraterna ligação que unia o
ex-presidente a Emilio Odebrecht, que cuidava pessoalmente da estratégica
parceria com o Amigo. O COMEÇO DA CONFISSÃO DE MARCELO ACABOU COM A
AMIZADE. O DEPOIMENTO DE EMÍLIO VAI ACABAR COM LULA. - A manchete e a imagem não fazem parte do texto original -
Nenhum comentário:
Postar um comentário