MICHEL TEMER*
A dramática situação econômica e
social em que se encontram os estados do Nordeste impactados pela maior seca
dos últimos 100 anos no
País e que, agora, se aproxima de seu sexto ano
consecutivo, tem sido motivo de grande preocupação, minha e de meu governo.
Nesse sentido, e apesar de todas as dificuldades que temos enfrentado para
recuperar a economia nacional, encerrar 2016 sem o anúncio de uma boa notícia,
que levasse alento e otimismo aos nossos irmãos nordestinos, certamente seria
um sinal de grande insensibilidade. Quem sofre com o castigo
da estiagem não é apenas a camada mais humilde da população dos nove estados da
Região; na verdade, os efeitos da seca também são perversos e se propagam além
das regiões castigadas, atingindo a economia do País.
Por isso, com um grande alívio, reservei os últimos dias deste difícil 2016
para renovar as esperanças de uma importante parcela da nossa população, por
quem nutro especial carinho e admiração. Ao autorizar o Ministério da
Integração Nacional a antecipar o repasse de R$ 230
milhões para obras de combate à seca, a mensagem que
pretendo transmitir é a de que o
Nordeste continua sendo prioridade para o meu governo. Esse
repasse destina-se a importantes obras que estão sendo realizadas pelos
governos do Ceará, Alagoas, Pernambuco e Paraíba e que viabilizarão a água do
Projeto de Integração do São Francisco. No caso de Alagoas, o governo estadual
contará com mais R$ 53 milhões para prosseguir com a execução do Trecho IV do
Canal do Sertão Alagoano. Quando concluída, esta etapa ampliará o abastecimento
até as cidades de Senador Rui Palmeira e São José da Tapera. Os Trechos I, II e
III já foram entregues e a quinta fase foi anunciada pelo ministro da
Integração Nacional, Helder Barbalho, durante recente visita ao Estado. Cerca
de 358 mil pessoas já são atendidas por essa obra. Para
demonstrar que o Nordeste nunca foi nem será esquecido, determinei que os
valores sejam creditados, o mais rápido possível, na conta dos governos desses
estados, incluindo, obviamente, o de Alagoas.
A chuva pode ser imprevisível e demorar a chegar às regiões carentes, mas a
ação do meu governo tem de ser – e será – permanente. Encerramos o ano com esta
importante iniciativa e, ao longo de 2017, mobilizaremos esforços e recursos
financeiros sempre que for necessário e, para isso, estamos atentos. Para o Programa Cisternas, outra prioridade do
governo federal na Região, determinei a liberação imediata de 250 milhões de
reais, com previsão de R$ 455 milhões adicionais. Queremos que as cisternas cheguem
a quem tem sede e não pode esperar, a quem necessita desse recurso
imprescindível para a continuidade da vida. Vamos atender 759 municípios em 14
estados do Semiárido e também da Amazônia. Crianças e jovens vão
ganhar atenção especial: não deixaremos nenhuma escola do
Semiárido sem cisterna. Nosso esforço beneficiará um total de 595 mil alunos.
Além da vida, a água também gera produção e renda. Vamos
instalar 46 mil cisternas para ajudar os produtores,
o que facilitará a eles o acesso a iniciativas como assistência técnica e
microcrédito. Famílias e comunidades que têm água geram renda e ajudam o Brasil
a superar a recessão, a retomar o crescimento e a gerar empregos. Assumi o
governo com a missão de olhar para a frente. Estamos recolocando – com diálogo,
determinação e o mínimo de burocracia – o Brasil de novo na rota
desenvolvimento. E é com ações como essas que vamos derrotar a crise, inclusive
a que mais castiga o Nordeste, A CRISE DA SECA, que já foi narrada em prosa e verso pelos
grandes escritores que a Região revelou ao País e ao mundo. O Nordeste é grande
em dimensão, em riqueza, em beleza e cultura. Problemas que podem ser
combatidos, como a seca, não devem obstruir as vocações dos nordestinos. Aliás,
o exemplo de dignidade e superação do povo do sertão é o mesmo que inspira e
move o meu governo. Não podemos desistir nunca!
*Michel Temer é o Presidente da
República.
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