À FRENTE DE VERDADEIRAS MÁQUINAS DE FAZER DINHEIRO, SINDICALISTAS SE APROVEITAM DA FALTA DE TRANSPARÊNCIA E FISCALIZAÇÃO PARA ENRIQUECER ÀS CUSTAS DO MOVIMENTO SINDICAL
Germano Oliveira
A suposta greve geral que há alguns dias conseguiu parar várias
localidades do País com o controle dos transportes urbanos expôs uma realidade
nua e crua que começa a irritar toda a população. Atuando em tática de
guerrilha, queimando pneus e destruindo ônibus, sindicalistas que faziam a
manifestação – com participantes contados aos dedos – moviam-se na verdade com
um objetivo específico. Qual seja: barrar a discussão no Congresso que visa
modernizar a lei trabalhista. ESSES PELEGOS DE CARTEIRINHA,
MUITOS DOS QUAIS NUNCA TRABALHARAM, TEMEM COMO GOLPE FATAL À SUA EXISTÊNCIA O
FIM DO CHAMADO IMPOSTO SINDICAL, aquela
famigerada taxa que todo trabalhador é obrigado a pagar anualmente e que banca
hordas de desocupados, representantes de categorias que só aparecem no momento
da rescisão de cada um, para tomar mais um dinheiro em comissão.
Assim, por décadas caminhou a articulação dessa turma. Especialmente nos
últimos tempos, na era das gestões Lula e Dilma, a quantidade de sindicatos,
associações de classe e representações de categoria, explodiu com o incentivo e
as gordas subvenções do governo, que buscava arregimentar aliados para a sua
causa de perpetuação no poder. A deposição da petista Dilma e o início da
administração Temer, que pôs em andamento a reforma trabalhista, está
provocando uma reviravolta nessa realidade, com chances de colocar um PONTO FINAL NA FARRA DA PELEGAGEM, que tem
muitos dos seus líderes hoje vivendo como autênticos marajás.
OS PELEGOS, EM SUA MAIORIA, VIVEM BEM. COM ESTABILIDADE FINANCEIRA E SEM QUALQUER RISCO DE DESEMPREGO. A missão de um sindicato deveria ser a de lutar pelo benefício dos trabalhadores. Mas, na prática, não é isso que vem acontecendo. Seus membros movem-se por interesses quase sempre pessoais. Mesmo quando travam ruas, promovem invasões, quebra-quebras e colocam seus carros de som para gritar palavras de ordem que escondem objetivos inconfessáveis. CONTROLADOS POR DIRIGENTES CORRUPTOS, ESSES SINDICATOS ACABAM POR TIRAR O DINHEIRO DO BOLSO DO TRABALHADOR PARA COLOCAR NO BOLSO DELES. Os donos dessas siglas de aluguel usam as verbas para ganhar poder e fazer fortunas.
A lei não obriga as entidades sindicais a prestarem contas de suas operações. Sendo assim, o dinheiro arrecadado pelos sindicatos – EM GRANDE PARTE DINHEIRO PÚBLICO – nem sempre é utilizado da maneira correta. Ele acaba, muitas vezes, no bolso de dirigentes que aumentam seu patrimônio de forma ilícita e exponencial. “A não prestação de contas é grave, já que isso é dinheiro público. O ideal é que os sindicatos prestassem contas espontaneamente, e não apenas quando obrigados pelo Ministério Público”, afirma Almir Pazzianotto, que foi ministro do Trabalho do governo José Sarney.
O descontrole do mundo extraordinário dos pelegos é
tamanho que dezenas de escândalos por desvios vieram à tona, deixando evidente
a falência desse sistema. Em 2008, a polícia chegou a flagrar um grupo de
sindicalistas da cidade de Campinas, no interior de São Paulo, que, em troca de
subornos, vendia os interesses da própria categoria de trabalhadores que diziam
representar. No flagrante exibido aos expectadores, uma propina de R$ 100 mil
era negociada em nome de funcionários de empresas de transporte coletivo da
cidade. Há um mês os bandidos travestidos de sindicalistas – e com carteirinha
para comprovar a função – eram monitorados pelo Ministério Público e pela
polícia. Como esse, centenas de casos de deturpação da atividade são
registrados, dando conta de fabulosas cifras e esquemas criminosos que passaram
a prevalecer no sindicalismo.
OS PELEGOS, EM SUA MAIORIA, VIVEM BEM. COM ESTABILIDADE FINANCEIRA E SEM QUALQUER RISCO DE DESEMPREGO. A missão de um sindicato deveria ser a de lutar pelo benefício dos trabalhadores. Mas, na prática, não é isso que vem acontecendo. Seus membros movem-se por interesses quase sempre pessoais. Mesmo quando travam ruas, promovem invasões, quebra-quebras e colocam seus carros de som para gritar palavras de ordem que escondem objetivos inconfessáveis. CONTROLADOS POR DIRIGENTES CORRUPTOS, ESSES SINDICATOS ACABAM POR TIRAR O DINHEIRO DO BOLSO DO TRABALHADOR PARA COLOCAR NO BOLSO DELES. Os donos dessas siglas de aluguel usam as verbas para ganhar poder e fazer fortunas.
O Brasil tem hoje mais de 16 MIL SINDICATOS, muito mais que outros países da
Europa e América Latina. Em 2016, sindicatos, centrais sindicais, federações e
confederações arrecadaram mais de R$ 3,5 bilhões com o imposto, que corresponde
a um dia de salário anual do trabalhador, independente dele ser sindicalizado.
Entre as entidades de classe, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força
Sindical estão no topo da lista, com R$ 59,8 milhões e R$ 46,6 milhões
respectivamente. E OS PELEGOS NÃO QUEREM PERDER ESSE QUINHÃO. Verdadeiras máquinas de fazer
dinheiro, a direção dos sindicatos é cada vez mais cobiçada por eles. Eleições
fraudadas, desvio de dinheiro e enriquecimento ilícito não são pontos fora da
curva.
DESVIOS MILIONÁRIOS
A lei não obriga as entidades sindicais a prestarem contas de suas operações. Sendo assim, o dinheiro arrecadado pelos sindicatos – EM GRANDE PARTE DINHEIRO PÚBLICO – nem sempre é utilizado da maneira correta. Ele acaba, muitas vezes, no bolso de dirigentes que aumentam seu patrimônio de forma ilícita e exponencial. “A não prestação de contas é grave, já que isso é dinheiro público. O ideal é que os sindicatos prestassem contas espontaneamente, e não apenas quando obrigados pelo Ministério Público”, afirma Almir Pazzianotto, que foi ministro do Trabalho do governo José Sarney.
Em Niterói, no Rio de Janeiro, o piso salarial dos comerciários é de R$
1.150. Um comerciário comum, portanto, vive uma realidade bem diferente da
vivida pela presidente do SEC (Sindicato dos Empregados do Comércio), Rita de
Cácia da Silva Rodrigues de Almeida. A FRENTE DA ENTIDADE, ELA ADQUIRIU, EM MENOS DE QUATRO MESES, OITO
VEÍCULOS DE LUXO E NOVE IMÓVEIS EM DIFERENTES CIDADES. Em 2014, uma operação da Polícia Civil a apontou como chefe de uma
fraude milionária: com um salário de mais de R$ 50 mil, Rita faturava entre R$
500 mil e R$ 1 milhão mensais desviando dinheiro das taxas pagas pelos
comerciários filiados. Seu filho, Chriszanto Gonzales, ainda receberia R$ 21
mil por mês para ser vice-presidente do sindicato. Ambos seguem nos cargos de
presidência e vice-presidência da entidade, segundo o site do sindicato.
Os casos de sindicatos comandados por famílias não são raros. No Rio de
Janeiro, o Sindicato dos Comerciários foi comandado pelos Mata Roma POR QUASE 50 ANOS. Luizant Mata Roma foi nomeado
interventor do sindicato em 1966. Só deixou o cargo quando morreu, em 2006. O
posto foi assumido por seu filho, Otton da Costa Mata Roma. A entidade era um
feudo familiar: sua folha de pagamentos incluía mais de 10 parentes. Em 2014,
após investigações, o MP pediu o afastamento de Otton, acusado de nepotismo e
desvio de dinheiro. Toda a antiga diretoria foi destituída porque não tinha
legitimidade para estar à frente do sindicato.
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