Augusto Nunes
Dilma
Rousseff foi um desastre na Presidência da República, em todos os sentidos.
Embora houvesse suficientes provas dos crimes de responsabilidade que
justificaram plenamente seu impeachment, o fato é que a petista foi afastada
igualmente porque LEVOU O PAÍS PARA O BREJO. Restou à inepta administradora ao menos tentar salvar algumas
linhas de sua biografia ao protestar inocência diante do mar de lama que
engolfou seu governo. Para isso, Dilma passou a tratar como ofensa capital
qualquer suspeita a respeito de sua honestidade, como se o País tivesse
simplesmente que aceitar que a petista, por definição e natureza, jamais
poderia ter participado ou se beneficiado pessoalmente dos crimes em série
praticados por seu partido no coração de sua administração. No entanto, os
depoimentos prestados pelos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, ainda que
careçam de confirmação, são suficientes para pelo menos lançar alguma dúvida
sobre a propalada honestidade de Dilma.
O casal João Santana e Mônica Moura
foi o responsável pelo marketing eleitoral das campanhas presidenciais de Lula
da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Eles foram presos em
fevereiro do ano passado sob acusação de receber dinheiro do petrolão para
quitar seus serviços publicitários. Já condenados em primeira instância pelo
juiz federal Sérgio Moro, João Santana e Mônica Moura decidiram fazer acordo de
delação premiada. Além disso, prestaram depoimento à Justiça Eleitoral, que
analisa denúncias contra a chapa vencedora da eleição presidencial de 2014. Foi
nesses testemunhos que o nome de Dilma surgiu, não como inocente vítima das
negociatas, mas como cúmplice.
Tanto João Santana como Mônica Moura
disseram que a ex-presidente sabia sobre o uso de caixa 2 para pagar as contas
de campanha. Santana disse que Dilma foi acometida de “AMNÉSIA MORAL”, isto é, evitava deliberadamente tomar
conhecimento dos detalhes das transações para, assim, dizer que não sabia de
nada. No entanto, segundo Mônica Moura, Dilma tinha “PLENO CONHECIMENTO” da atuação da empreiteira Odebrecht
para pagar os serviços de marketing eleitoral. João Santana relatou um encontro
com Dilma no Palácio da Alvorada em 2014 no qual a então presidente disse que “OS
VALORES QUE SERIAM PAGOS POR FORA JÁ ESTAVAM GARANTIDOS”.
Somente o fato de os principais
assessores eleitorais de Dilma a acusarem de ter conhecimento do uso de
recursos não declarados na campanha de 2014 já seria suficiente para abalar as
certezas a respeito da honestidade da ex-presidente. Mas há mais. Em seu
depoimento, Mônica Moura disse que Dilma telefonou para João Santana para
avisar, em fevereiro do ano passado, que havia um mandado de prisão contra o
casal. Tal iniciativa, se confirmada, configura tentativa de obstruir a
Justiça.
Além disso, Mônica Moura disse que ELA E DILMA CRIARAM UM E-MAIL COM NOME E DADOS FICTÍCIOS, CUJA
SENHA FOI COMPARTILHADA POR AMBAS, PARA CONVERSAR EM SEGURANÇA – AS MENSAGENS
FICAVAM NA CAIXA DE RASCUNHO DO E-MAIL, ACESSÍVEIS APENAS ÀS DUAS. Segundo Mônica Moura, o e-mail foi criado no computador da então
presidente. O estratagema é comum em organizações criminosas.
Dilma nega categoricamente todas
essas informações, mas não se limita a isso. Ela diz que o casal de
marqueteiros foi “induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de
ganhar sua liberdade”. E afirma que é vítima de um “JORNALISMO DE GUERRA”, que,
segundo ela, promove “verdadeiros linchamentos, tentando destruir a biografia e
a imagem de cidadãos e cidadãs”.
A preocupação de Dilma, portanto, é
com sua biografia. Durante o processo de impeachment, a então presidente fez
chegar ao Senado um “depoimento pessoal” no qual escreveu: “Saibam todos que
vocês estão julgando uma mulher honesta”. Agora, mais uma vez, Dilma reafirma
sua honestidade como um princípio que só é questionado por quem, segundo ela,
não tem apreço pela democracia. - A manchete não faz parte do texto original -
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