Josias de Souza
Michel Temer cogita pedir a anulação de todo o processo em que é
investigado no Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção, obstrução de
justiça e formação de organização criminosa. Alega que o ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato, não teria legitimidade para atuar no caso, pois a empresa
JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, é investigada não no escândalo da
Petrobras, mas em outras cinco operações: Sépsis, Greenfield, Cui Bono, Carne
Fraca e a Bullish.
Alertado pelo criminalista Antonio
Claudio Mariz de Oliveira, cujo escritório assumiu sua defesa, Temer disse a
aliados, neste domingo, que Fachin não seria o juiz natural do caso que
resultou das delações de executivos da JBS. O relator, disse o presidente a
ministros e congressistas, deveria ter sido escolhido por sorteio. Algo que os
advogados suspeitam que não foi feito. Para tirar a prova dos nove, a defesa do
presidente pede ao Supremo que esclareça como foi feita a distribuição do
processo sobre a JBS.
Na tarde de sábado, o escritório de
Antonio Mariz já havia protocolado no Supremo um pedido de suspensão do
inquérito contra o presidente. Questiona-se na petição a validade da gravação
feita por Joesley Batista, o sócio da JBS, da conversa que manteve com Temer em
7 de março, no Palácio do Jaburu. No mesmo dia, Fachin determinou que o áudio
seja periciado pela Polícia Federal. E transferiu para o plenário do Supremo a
decisão sobre suspender ou não a investigação contra Temer. O julgamento está
marcado para quarta-feira.
O novo questionamento da defesa de
Temer, condicionado à confirmação da ausência de sorteio na distribuição do
processo da JBS, será mais amplo. Em vez da suspensão, cogita-se pleitear a
anulação de todos os atos praticados por Fachin em relação a Temer. Nessa
hipótese, iriam para a lata do lixo, por extensão, os outros despachos de
Fachin —da homologação das delações até as 41 batidas de busca e apreensão e as
8 prisões preventivas decretadas pelo relator da Lava Jato com base na
colaboração judicial da JBS.
No limite, subiriam no telhado também
os despachos de Fachin que afastaram do exercício regular dos respectivos
mandatos o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Ricardo Rocha Loures
(PMDB-PR). A pretensão de Temer e seus advogados é a de promover uma
reviravolta no caso. O presidente teria, então, munição para sustentar a tese
segundo a qual está sendo vítima de uma grande armação. E o debate sobre o
mérito do diálogo antirrepublicano que teve com Joesley Batista ficaria em
segundo plano. -
A manchete não faz parte do texto original -
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