Josias de Souza
O presidente da República e o dono da JBS decidiram trocar
insultos na frente das crianças. Joesley Batista disse que Temer é “O CHEFE DA QUADRILHA MAIS PERIGOSA DO BRASIL”. Em resposta, Temer
declarou que Joesley é “O BANDIDO
NOTÓRIO DE MAIOR SUCESSO NA HISTÓRIA BRASILEIRA.” Atônita, a platéia observa o espetáculo em silêncio. Não convém
discutir com peritos no assunto, pois ambos podem ter razão.
Muita gente está preocupada em Brasília com os
desdobramentos políticos do arranca-rabo. A turma do deixa-disso ameaça entrar
em cena. A interrupção da desavença é o pior que poderia acontecer. A multidão
vaiaria. E talvez gritasse, em uníssono: “TEM
QUE MANTER ISSO, VIU?”
Arranca-rabo nascido de um encontro fraternal do “chefe da
quadrilha” com o “bandido notório” no escurindo do Palácio do Jaburu é um tipo
de briga que pede para não ser apartada. Há um enorme interesse dos brasileiros
pela continuidade do rififi. Estão todos ávidos para saber até onde os
contendores permitirão QUE O MELADO ESCORRA.
O espetáculo ficaria muito melhor se Lula e Aécio Neves
—que Joesley acusa, respectivamente, de ter “INSTITUCIONALIZADO
A CORRUPÇÃO” e de ser “TÃO CORRUPTO QUANTO OS OUTROS”— entrassem na confusão com a mesma disposição de cuspir
fogo exibida por Temer.
As crianças na faixa etária de 5 a 90 anos ficariam
esacandalizadas. Mas uma briga generalizada talvez ajudasse a esclarecer esse
estranho período da história brasileira em que UM GOVERNO EM DECOMPOSIÇÃO DO PT FOI SUBSTITUÍDO POR UMA
ADMINISTRAÇÃO PODRE DO PMDB e a
alternativa a ambos, representada pelo PSDB, não consegue demonstrar a
diferença entre tucanos e protozoários.
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