Reinaldo Azevedo
É altíssima a chance de Rodrigo
Janot, mesmo com elementos capengas, denunciar Michel Temer. Quem sabe já nesta
segunda. Quem sabe na terça, no dia mesmo em que começa o julgamento do TSE. Antes, vamos pôr números no descalabro.
Quanto vale um presidente da
República e um senador que disputou com a deposta Dilma Rousseff a eleição de
2014? Deixem-me ver… ATÉ 2 MIL ANOS DE CADEIA! Ou,
então, coloquemos as coisas numa ordem que parece mais correta: 2 mil anos de
cadeia até que valem um presidente da República e um figurão do Senado, certo?
Ou, se quiserem, 4 mil anos, já que Wesley também arcaria com as penas de seu
irmão e sua rima, o Folgadão. Explico.
O Estadão fez um levantamento em
reportagem deste domingo sobre os crimes cometidos por JOESLEY
e WESLEY BATISTA. Caso se considerem
as penas máximas de cada imputação — na verdade, de cada confissão —, a soma
total de cada um poderia ultrapassar DOIS MIL ANOS.
Atenção! Os valentes admitiram
124 casos de corrupção, 96 de lavagem de dinheiro, 14 de falsidade ideológica
(caixa dois), 6 de organização criminosa, 2 de obstrução à investigação, 1 de
evasão de divisas, 1 de crime do colarinho brando e mais um de falsificação de
documentos. Só isso! Ao todo, 245 CONDUTAS
CRIMINOSAS.
E, no entanto, o que vai
acontecer com a dupla e seus valentes assessores no mundo do crime? NADA! E tudo isso por quê? Porque, afinal de contas,
Joesley gravou o presidente da República e, CONTRA
A LEI, tal gravação foi empregada como instrumento da arquitetura
engendrada por RODRIGO JANOT, com a conivência de Edson Fachin e Carmen Lúcia,
para destituir Michel Temer.
Trata-se de um dos maiores
escândalos da história. Bastaram aquela gravação mequetrefe, que nem submetida
a perícia foi, para que Doutor Janot formasse a convicção da culpa do
presidente. Segundo o valente, outras provas corroboram a dita-cuja. Pois é… A
maioria dessas provas não passa de testemunhos de Joesley, Wesley e seus
asseclas no mundo do crime.
“Mas e aqueles R$ 500 mil entregues a Rocha Loures?
E O PAGAMENTO DE R$ 500 MIL POR SEMANA, AO LONGO DE
20 ANOS? O presidente seria destinatário de parte de uma montanha de
dinheiro, que chegaria a R$ 480 MILHÕES!” Pois
é, leitores amigos. Vocês acreditam mesmo que alguém tratou a sério de um
acordo como esse? Venham cá: se Michel Temer terminar seu mandato, que poder
terá a partir de 1º de janeiro de 2019? Digamos mais um pouco: QUE
INTERFERÊNCIA EXERCERÁ NOS NEGÓCIOS DE ESTADO DAQUI A DEZ ANOS?
É impressionante que uma bobagem
dessa envergadura cole. Mais: conhecemos algumas cifras do petrolão, não?
Propina de meio bilhão? PENSEM NO INFERNO QUE SERIA
TER DE ESCONDER, TODA SEMANA, R$ 500 MIL EM DINHEIRO VIVO… ISSO NEM MESMO CHEGA
A FAZER SENTIDO.
Em todo caso, que se investigue
tudo, é claro! O que não dá para aceitar é que se derrube um presidente da
República E SE GARANTA IMUNIDADE A DOIS DOS MAIORES
CRIMINOSOS DA HISTÓRIA DO PAÍS TENDO, POR ORA, COMO BASE FUNDAMENTAL DO ATAQUE,
AS DELAÇÕES QUE SERVIRAM AOS BANDIDOS DE SALVO-CONDUTO. E é tanto pior
quando sabemos que a investigação que colheu o presidente traz uma soma
formidável, inédita mesmo, de ilegalidades.
DETERMINAÇÃO
A operação é mesmo de asfixia. E JANOT, está claro, sabe jogar com o calendário, não é mesmo? Acho que é, deixem-me ver, de 90% a chance de ele oferecer denúncia contra o presidente. E o fará, quem sabe, nesta terça, dia 6, quando começa o julgamento no TSE da chapa Dilma-Temer. Ou já nesta segunda. Ao agir assim, constrange o presidente e também OS MINISTROS DO TSE.
Sim, foi este senhor que, na
denúncia eivada de absurdos contra Aécio Neves (PSDB-MG), teve o topete de
transcrever uma conversa entre o senador e o ministro Gilmar Mendes, do STF,
tentando emprestar à atuação normal de um senador a inflexão da ilegalidade e
da obstrução da investigação. Mais ainda: ao reproduzir a conversa com um dos
ministros da Corte, busca intimidá-lo. Não será demais lembrar ao ilustríssimo:
um PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA não pode se
confundir com um DIFAMADOR-GERAL DA REPÚBLICA. – A manchete e a imagem não fazem
parte do texto original -
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