domingo, 24 de abril de 2011

“SE VOCÊ É CAPAZ DE TREMER DE INDIGNAÇÃO A CADA VEZ QUE SE COMETE UMA INJUSTIÇA NO MUNDO, ENTÃO SOMOS COMPANHEIROS” –Che Guevara-



CUBA SEM SINAIS VITAIS
Jornalista Sandro Vaia

Nos anos 60, o filósofo Jean Paul Sartre escrevia “FURACÃO SOBRE CUBA”. Um grupo de valentes jovens barbudos descia a SIERRA MAESTRA para expulsar um ditador, varrer um regime opressivo , trocar o domínio imperialista pela autodeterminação de um povo, e para iniciar a construção do “HOMEM NOVO” em Cuba, pátria de José Marti, herói da independência do país caribenho. A terra tremeu e o imaginário socialista no mundo, golpeado de morte pelas revelações do relatório Kruschev sobre os crimes de Stálin e pela revolta húngara esmagada por tanques russos, ganhou uma inesperada sobrevida. É UMA IRONIA QUE A REVOLUÇÃO QUE MAIS ENCANTOU E SEDUZIU OS CORAÇÕES E AS MENTES DOS JOVENS NAS DÉCADAS DE 60 E 70 VENHA AGONIZANDO PUBLICAMENTE EM IMAGENS TÃO PATÉTICAS COMO ESSAS QUE MARCARAM O VI CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA CUBANO: FIDEL, 85 ANOS, LADEADO PELO SUCESSOR, SEU IRMÃO RAUL, À BEIRA DOS 80 E SEU VICE VENTURA, TAMBÉM DE 80, ENCENANDO O “ESCRAVOS DE JÓ” DA SUCESSÃO. UMA GERAÇÃO NO PODER HÁ 52 ANOS ERA SUCEDIDA PELA MESMA GERAÇÃO. A GERONTOCRACIA no poder, no caso, é apenas o símbolo da falência de um regime e - mais do que isso - de um projeto de engenharia social que pretendia reformar a natureza egoísta do ser humano e esculpir um “HOMEM NOVO” que a sociedade justa, humana e solidária livraria dos velhos vícios. A REVOLUÇÃO CUBANA FOI UM FRACASSO TÃO GRANDE QUE, ALÉM DE NÃO ATINGIR NENHUM DOS SEUS OBJETIVOS, NÃO CONSEGUIU SEQUER PREPARAR UMA NOVA GERAÇÃO APTA A DIRIGIR OS DESTINOS DO PAÍS E INTRODUZIR ALGUMA ESPÉCIE DE REFORMA PARA DAR VITALIDADE A UMA ECONOMIA BUROCRATIZADA E ESCLEROSADA, incapaz de suprir as necessidades básicas da sua população. Antes que a doença de Fidel Castro o obrigasse a abrir mão do poder e a entregá-lo ao irmão Raúl, alguns nomes chegaram a emergir e a fazer parte das especulações dos estudiosos do regime como possíveis “delfins”. Dessa geração nova, destacaram-se especialmente três: RICARDO ALARCÓN, presidente da Assembléia Popular, CARLOS LAGE, vice-primeiro ministro, e FELIPE PÉREZ ROQUE, ministro do Exterior.
ALARCÓN CONTINUA NO CARGO, MAS COM A IMPORTÂNCIA APARENTEMENTE DIMINUÍDA; LAGE E PÉREZ ROQUE SUBMERGIRAM MISTERIOSAMENTE NO ANONIMATO, ATINGIDOS POR GENÉRICAS DENÚNCIAS DE “EXCESSO DE AMBIÇÃO”. Como acontece frequentemente em regimes totalitários e sem transparência, estrelas sobem, brilham e se apagam - ou caem em desgraça - com a mesma e inexplicável rapidez, sem que ninguém se sinta obrigado a prestar contas a uma opinião pública de resto inexistente. A indicação de um membro da velha guarda, JOSÉ RAMON MACHADO VENTURA, TAMBÉM DE 80 ANOS, COMO VICE DE RAÚL CASTRO, é um sinal de que a confirmação da GERONTOCRACIA no poder não é uma homenagem à experiência ou um tributo a velhos heróis revolucionários, mas a prova de uma evidente e dramática falta de rumos de uma revolução cujos sinais vitais já se apagaram há muito tempo.

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