Eliane
Catanhêde
O Supremo Tribunal Federal
decidiu não decidir e isso joga a principal questão jurídica e política do País
num limbo inacreditável, não por algumas horas ou alguns dias, mas ao longo da
Semana Santa, até 4 de abril. O EX-PRESIDENTE LULA VAI OU NÃO SER PRESO? SE FOR, QUANDO?
Essa não-decisão é
angustiante para os eleitores, os candidatos, os partidos, os investigadores,
os advogados. Imagine-se como está sendo para o próprio alvo do habeas corpus
que deveria, mas não foi julgado: o próprio Lula.
A questão fica ainda mais
dramática por causa do calendário da própria Justiça, já que o TRF-4, em Porto
Alegre, vai concluir o julgamento de Lula na próxima segunda-feira. Se os
desembargadores votarem os embargos de declaração de forma unânime, como é
esperado, Lula já poderá ser preso a qualquer momento após os cumprimentos de
formalidades.
Então, Lula já poderá ser
preso, sem que ninguém saiba se o Supremo vai, ao final e ao cabo, acatar ou
não o habeas corpus que pode suspender e adiar a prisão do ex-presidente mais
popular desde a redemocratização. Em resumo: Lula poderá ser preso, mas não
poderá ser preso. Estará de malas prontas para uma sala especial na Polícia
Federal ou equivalente, MAS SEM SABER SE O AVIÃO VAI
DECOLAR _ OU
O CAMBURÃO VAI ENGATAR PRIMEIRA.
Sinceramente, a posição do
Supremo foi um vexame foi ainda agravada pela história inacreditável da liminar
inédita. Agora, é preciso que fiquem claros os motivos do adiamento de hoje.
Havia “FORÇA MAIOR”? OU MINISTROS ESTAVAM MORRENDO DE
PRESSA PARA CORRER PARA O AEROPORTO DE BRASÍLIA?
Tudo isso ocorre justamente
na semana em que o Brasil assistiu ao vivo, e em insistentes repetições pela
TV, pelo rádio, pela internet, aquele pugilato verbal entre Suas Excelências
Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso, em que as trocas de desaforos saíram
perigosamente de limites minimamente razoáveis, com Gilmar falando de “ESPERTEZAS”
e ilustrando com votos de Barroso e este acusando o colega de ser “UMA
VERGONHA” para o Supremo, “UMA MISTURA DO MAL COM O ATRASO E PITADAS DE
PSICOPATIA”.
Talvez os ministros da mais
alta corte brasileira não estejam entendendo devidamente o que está
acontecendo: um enorme desgaste do tribunal e deles próprios. E num momento de
muita irritação com as instituições, seus personagens, decisões e erros.
Aliás, um registro
importantíssimo do dia, que estava prometido como um dia histórico: o “povo”,
onde estava o “povo”? Quem circulou pela Praça dos Três Poderes se deparou com
um forte esquema policial, alguns megafones e um único momento de estresse
quando agentes impediram o uso de balões, até do “Pixuleco”, que reproduz a
imagem do Lula vestido de presidiário e viaja pelo País.
A militância petista,
favorável a Lula e ao habeas corpus, não deu as caras. A militância
antipetista, contrária a Lula e ao HC, também não se deu ao trabalho de lotar a
praça e manifestar indignação para um lado ou para outro. HAVIA
MAIS POLICIAIS DO QUE MILITANTES, O QUE DIZ TUDO.
É assim que o Brasil vai
aos trancos e barrancos, com as instituições surpreendendo, apagões
prejudicando 70 milhões de pessoas, milícias suspeitas de assassinar uma
vereadora defensora dos direitos humanos... Enquanto os brasileiros perdem a
energia, o ânimo e talvez a crença de que vale a pena LUTAR,
GRITAR, COBRAR, EXIGIR. É
mais confortável ficar sentado diante de um celular ou de um computador e
jorrar impropérios a torto e a direito. – A manchete e as imagens
não fazem parte do texto original -
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