segunda-feira, 12 de março de 2018
O PEQUENO GRANDE OTELO, UM GIGANTE EM CENA
Por Altamir Pinheiro
Tanto riso, oh quanta alegria / Mais de mil
palhaços no salão / Arlequim está chorando pelo amor da Colombina / No meio da
multidão. Ouvindo-se Zé Keti vem a nossa lembrança a figura do “neguinho” Sebastião Prata, em que pese
sua vida ter sido marcada por tragédias pessoais, porém, sua simpatia
esfuziante, ruidosamente alegre, já era
uma tremenda gargalhada a céu aberto. Que não nos deixem mentir os filmes Carnaval no Fogo (1949) e Carnaval
Atlântida (1952).
A propósito, as filmagens de CARNAVAL NO FOGO foram bastante
tumultuadas; paralelamente, uma tragédia se abate sobre ele, um dos astros do
filme. Sua mulher, depois de matar o filho, enteado de Otelo, se suicida, deixando-o
em profunda depressão; a famosa cena do balcão em que ele e Oscarito parodiam
Romeu e Julieta, no entanto, foi realizada sem que ele ainda soubesse do
acontecido. A partir dessa data, ele filmou, quase sempre, embriagado. Apesar
disso, cumpriu seus compromissos até o fim.
Àquele brilhante tiquinho de nego, depois que
perdeu o pai esfaqueado e vivia com a
mãe alcoólatra foi parar no juizado de menores e logo após adotado por uma
família rica de São Paulo, e daí veio a ganhar o sobrenome do casal que o
educou - Prata – chamando-se Sebastião Bernardes de Souza Prata, donde, veio a estudar no Liceu Coração de Jesus e,
em 1926, com apenas 11 anos, ingressou na “Companhia Negra de Revista”,
composta exclusivamente por artistas negros, entre eles, Pixinguinha, que era o
maestro e o músico e compositor Donga.
A biógrafa Dilva Frazão informa que ele ganhou o apelido de “Otelo”, na ocasião em
que apareceu ou surgiu na Companhia Lírica Nacional, onde o jovem tomava aulas
de canto lírico. O maestro julgava que quando ele crescesse poderia cantar a
ópera Otelo, de Verdi. Por sua pequena estatura recebeu o apelido de Pequeno
Otelo, mas depois, a crítica o apelidou de “Grande Otelo”. – (Conforme nos confidencia a enciclopédia
livre Wikipédia: Otello é uma ópera em quatro atos do compositor italiano
Giuseppe Verdi, baseado na peça Othello, the Moor of Venice ("Otelo, o
mouro de Veneza"), do dramaturgo inglês William Shakespeare. Foi a
penúltima ópera de Verdi, e é considerada por muitos a sua maior tragédia. Sua
estreia se deu no Teatro alla Scala, de Milão, em 5 de fevereiro de 1887. A
obra tem como cenário a ilha de Chipre no final do século XV).
Negro, com apenas 1,50 metros de altura viveu numa
época em que os negros não podiam entrar pela porta da frente do Cassino, fato
que mudou depois da contratação do artista. Assim começou a carreira de um dos
maiores atores brasileiros, que passou pelos palcos dos cassinos e dos grandes
shows das mais importantes casas noturnas do Rio. Passou também pelo teatro,
pelo cinema e pela televisão, deixando sempre a lembrança de personagens
marcantes. Era um assíduo frequentador das noites cariocas, estava sempre na
famosa gafieira Elite, no bar Vermelho ou nos bares da Lapa.
No cinema, Grande Otelo foi um dos grandes
destaques da “Atlântida”, quando protagonizou o filme “Moleque Tião” (1943), o
primeiro sucesso da produtora. Foi na “Atlântida” que Grande Otelo fez uma
grande parceria com Oscarito(morreu no ano de 1970 aos 64 anos), que se tornou
a dupla mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro. Depois os produtores
formariam uma nova dupla dele com o cômico paulista Ankito(faleceu em 2009 aos
85 anos).
Em 1939, contracenou com a atriz e dançarina
norte-americana Josephine Baker, que considerou uma das mais importantes
apresentações de sua carreira. Participou em 1942 do filme "It's All
True", de Orson Welles. Orson Welles considerava Otelo o maior ator
brasileiro. Em 1967 Grande Otelo filmou, no Brasil, com a estonteante Claudia
Cardinale, a película Uma Rosa Com
Amor, que teve um grande sucesso de
público por retratar o carnaval carioca. Participou também do filme de Werner
Herzog, Fitzcarraldo, de 1982, filmado na floresta amazônica. Mas ele não era apenas comediante. Como ator
dramático, marcou presença em vários filmes, dentre os quais Lúcio Flávio, o
Passageiro da Agonia (1977). Filmou também um faroeste: Se Meu Dólar Falasse
(1970). Na paródia jocosa ou imitação
irônica filmou em 1961 O Homem Que Roubou a Copa do Mundo, como também O Assalto ao Trem Pagador (1962).
Grande Otelo foi casado com a atriz e dançarina
Maria Helena Soares (Joséphine Hélene), e com Olga Prata, com quem teve quatro
filhos, entre eles o ator José Prata. Morreu de enfarte ao desembarcar em
Paris, às vésperas de seus 78 anos, a caminho do Festival dos Três Continentes,
em Nantes, onde seria homenageado.
Em 1977, o grande pianista, cantor e compositor de
samba, Benito Di Paula, eterno homem da montanha, compôs e cantou uma magnífica canção quando fez uma belíssima homenagem ao "pequeno" GRANDE OTELO. Aliás,
homenagem ímpar a um dos maiores representantes, no campo das artes, de todas
as classes do Brasil. Em um dos refrãos, diz Benito: Tens o dom de ser / Risos e perdão / Tens no palco a vida, teu
coração / Grande Otelo é festa eu quero aplaudir / Sempre chora e ri quase ao
mesmo tempo / O cinema livre é seu pensamento / Grande Otelo é festa, eu quero
aplaudir. Ouça a música na íntegra clicando aqui:
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4 comentários:
LEIA-SE: REFRÃES OU REFRÕES AO INVÉS DE REFRÃOS...
Rapaz, eu fiquei na dúvida com o plural de refrão e fui dar uma olhada. Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, um dos mais respeitados do país, refrão aceita três formas plurais : pl.: refrães, refrãos, refrões (mais us.)
Uma bela lembrança e homenagem a esse grande ator brasileiro, da época das chanchadas da Atlântida, ao lado de Oscarito e outros tantos.
POIE É, MARRETÃO!!! O FRESCO DO AURÉLIO EXIGE ESSAS DUAS FORMAS. A PROPÓSITO, ESSE TAL DE AURÉLIO TEM ALGUM GRAU DE PARENTESCO COM O CHICO JABUTI, BABA OVO DO LULA, HEIN?!?!?!
parece que é primo em segundo grau do Chico
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