Por Altamir Pinheiro
Costumeiramente, neste
Blog, sempre postamos textos de faroestes relatando a carreira das grandes
estrelas de Hollywood. Mais uma vez vamos prestar um magnífico tributo ao grande cowboy que foi
John Wayne, e para atingir tal proeza, através de uma minuciosa pesquisa, entre
tantas, procuramos nos socorrer do papa dos cinéfilos dos filmes da
modalidade bang bang, cowboy ou faroeste. Trata-se do paulista Darci Fonseca
que é nota dez sem comentários a respeito do assunto. Em pauta vamos tratar do
derradeiro filme protagonizado por John Wayne(morreria 3 anos após as filmagens). Logo ele, que era
símbolo, por excelência. Pois John Wayne foi
melhor
que qualquer outro ator que personificou o íntegro, destemido e aparentemente
indestrutível homem do Oeste norte-americano. O filme chama-se O Último Pistoleiro(que
eu recomendo assisti-lo) foi quando Wayne se despediu da vida com uma pistola
na mão.
Para dirigir o
derradeiro, real e doloroso embate cinematográfico de John Wayne a
Paramount contratou Don Siegel(faleceu em 1991, aos 88 anos), cujo nome foi
aprovado por Wayne, principalmente pela bem sucedida ligação de Siegel com
Clint Eastwood(está com 88 anos de idade). Wayne e Eastwood se admiravam
mutuamente. A bem da verdade, talvez houvesse
dezenas, talvez centenas, de atores melhores e com mais talento
dramático que o cidadão Marion Robert Morrison, conhecido por John Wayne(morreu em 1979 aos 72 anos). Não é difícil fazer uma
lista. Mas por tudo que ele significou para a indústria, para a bilheteria,
para o cinema, para a imagem americana, para o western e para os fãs ele foi, e
é, o MAIOR de todos eles.
O filme foi rodado no ano de 1976, porém, havia dois problemas
com John Wayne: em 1975 ele já deixara de frequentar a lista dos TOP-TEN MONEY
MAKING STARS, pois já não era mais uma grande atração de bilheteria; o segundo
problema era a saúde dele que não ia nada bem e era impossível esconder dos
jornalistas que em seus últimos filmes Wayne atuava com a desagradável
companhia de um cilindro de oxigênio para compensar sua dificuldade
respiratória. Hollywood sempre pensou em primeiro lugar em dinheiro e John
Wayne, aos 69 anos de idade, significava altíssimo risco para investimentos em
produções por ele estreladas. Tendo sido
dada a palavra final pelo produtor Dino
De Laurentiis que foi taxativo: “Ninguém melhor para um western que John
Wayne”.
A
atriz escolhida para fazer pareia com o conservador republicado John Wayne
foi Lauren Bacall, esposa do liberal
Humphrey Bogart, que repudiava as posições políticas reacionárias de Wayne. Já
haviam trabalhado juntos, mas o reencontro de Wayne com Bacall foi frio e em poucos dias os dois mal se
falavam. Além das posições políticas antagônicas que faziam com que Wayne
permanecesse sempre irritado e de mau humor com seus colegas, O ator ficou
internado por duas semanas, o que o levou quase ao desespero, ele que sempre
foi inimigo maior daqueles que, geralmente por ataque de estrelismo, atrasavam as
produções. Durante a ausência de Wayne, Don Siegel fez o que pode para não
atrasar as filmagens, filmando todas sequências possíveis sem a presença do
ator ou utilizando um dublê para ele.
Em plena filmagem, certa manhã Wayne não apareceu para trabalhar
pois teve que ser levado às pressas para o hospital. Quase sempre, Wayne era acometido de crises
violentas de tosse, tendo chegado a se agachar e sentar no chão desesperado com
os acessos. Muitas sequências tiveram que ser interrompidas devido a essas crises
nas quais Wayne muitas vezes expelia sangue misturado ao catarro. Temia-se
que não pudesse terminar as filmagens.
Pensando assim, a equipe rumou para os
estúdios da Warner Bros. Situada a 185 metros de altitude, acreditava-se
que John Wayne reagiria melhor quanto ao problema respiratório, mas isso não
aconteceu. Uma das causas óbvias era o cigarro que ele não conseguia abandonar,
ainda que o vício tenha sido reduzido para dois ou três maços por dia, a metade
do que Wayne fumava em seus tempos saudáveis.
O organismo do gigante e aparentemente indestrutível John Wayne
cobrava os excessos do tabagismo e das incontáveis garrafas de tequila e uísque
consumidos ao longo da vida. O ator Richard Boone seu grande amigo que trabalha
no filme e os dois travam um bom duelo
conta que encontrou um Duke diferente durante as filmagens. Mais
reservado, falando quase nada, diferente do John Wayne entusiasmado e sempre
cheio de projetos de outros tempos. Pareceu a Richard Boone que o amigo sabia
que aquele seria seu último trabalho como ator. E não podia ser de outra forma
pois ninguém melhor que John Wayne conhecia os inúmeros outros problemas de
saúde que tinha, além da inseparável companheira que era a tosse.
O excelente faroeste
O Último Pistoleiro(no Brasil) e O Atirador(nos Estados Unidos), se passa no
ano de 1901, na cidade de Carson City em Nevada. De um certo modo é um filme que podemos
chamá-lo de moderno. É uma película toda
outonal, sobre uma época que está acabando, que a rigor, a rigor, já acabou – a
época da colonização do far West, do distante Oeste, a época sem lei e sem
alma, a época dos pistoleiros, dos atiradores. Já há luz elétrica, água
encanada, telefone e bondes – ainda puxados por cavalos, mas às vésperas da
eletrificação. A projeção começa JB
Books – interpretado, é claro, pelo velho Duke(apelido de John Wayne na
infância), entrando em Carsom City em pleno começo do Século XX(1901). Cabelos
grisalhos, uma barbicha grisalha, rugas no rosto tão conhecido de todos nós,
aos 69 anos de idade.
As pessoas na rua
olham para aquele senhor e o chamam de velho cansado. Um garoto que o vê logo
que ele chega usa essa expressão: velho cansado. Logo depois, JB Books, o
garoto e o espectador ficarão sabendo que se trata de Gillom Rogers, o filho da
própria senhora Rogers, que aluga quartos em sua ampla casa (e é interpretada
por Lauren Bacall). O garoto é
interpretado por Ron Howard, um ator
com uma cara assim meio de bobo, mas que de bobo não tem nada, e nos anos
seguintes se imporia como um dos grandes diretores de Hollywood. O personagem
JB Books(John Wayne) vai pegar o bonde várias vezes – inclusive quando nos
aproximamos da última sequência do filme, em que ele sai da casa da senhora
Rogers com sua melhor roupa, recém lavada a seco, cabelo cortado, barba feita,
para enfrentar seu destino.
O drama que foi atuar em
O Último Pistoleiro “The Shootist” chegou ao final no dia 5 de abril de
1976, quando as filmagens foram completadas. A saúde de John Wayne
deteriorou-se implacavelmente tendo ele sofrido diversas internações até
sucumbir em 11 de junho de 1979 com diagnóstico de câncer no pulmão e no
estômago. O que se vê na tela ao assistir ao filme(que eu recomendo) é o drama
de um pistoleiro que percebe que sua vida chegou ao fim, personagem interpretado
por um ator que sabia que seus próximos anos de vida também seriam de dor e de
sofrimento. Outros atores passaram por situação parecida, atuando mesmo cientes
que tinham seus dias contados, mas nenhum interpretou, como John Wayne, um
personagem – John Bernard Books – tão próximo a ele próprio: o último grande
pistoleiro.
Quem quiser assistir esta magistral
película, na íntegra e com uma formidável dublagem, eis aqui o endereço
eletrônico:
https://www.youtube.com/watch?v=Ltribefd0Rc
Nenhum comentário:
Postar um comentário