sábado, 24 de março de 2018

TRIBUTO A JOHN WAYNE, O ÚLTIMO PISTOLEIRO QUE SE DESPEDIU DA VIDA COM UMA PISTOLA NA MÃO





















Por Altamir Pinheiro

Costumeiramente,  neste Blog, sempre postamos textos de faroestes relatando a carreira das grandes estrelas de Hollywood. Mais uma vez vamos prestar  um magnífico tributo ao grande cowboy que foi John Wayne, e para atingir tal proeza, através de uma minuciosa pesquisa, entre tantas,  procuramos nos  socorrer do papa dos cinéfilos dos filmes da modalidade bang bang, cowboy ou faroeste. Trata-se do paulista Darci Fonseca que é nota dez sem comentários a respeito do assunto. Em pauta vamos tratar do derradeiro filme protagonizado por John Wayne(morreria 3 anos  após as filmagens). Logo ele, que era símbolo, por excelência. Pois John Wayne foi  melhor que qualquer outro ator que personificou o íntegro, destemido e aparentemente indestrutível homem do Oeste norte-americano. O filme  chama-se O Último Pistoleiro(que eu recomendo assisti-lo) foi quando Wayne se despediu da vida com uma pistola na mão.


Para dirigir o  derradeiro, real e doloroso embate cinematográfico de John Wayne a Paramount contratou Don Siegel(faleceu em 1991, aos 88 anos), cujo nome foi aprovado por Wayne, principalmente pela bem sucedida ligação de Siegel com Clint Eastwood(está com 88 anos de idade). Wayne e Eastwood se admiravam mutuamente. A bem da verdade, talvez houvesse  dezenas, talvez centenas, de atores melhores e com mais talento dramático que o cidadão Marion Robert Morrison, conhecido por John Wayne(morreu em 1979 aos 72 anos). Não é difícil fazer uma lista. Mas por tudo que ele significou para a indústria, para a bilheteria, para o cinema, para a imagem americana, para o western e para os fãs ele foi, e é, o MAIOR de todos eles.

O filme foi rodado no ano de 1976, porém, havia dois problemas com John Wayne: em 1975 ele já deixara de frequentar a lista dos TOP-TEN MONEY MAKING STARS, pois já não era mais uma grande atração de bilheteria; o segundo problema era a saúde dele que não ia nada bem e era impossível esconder dos jornalistas que em seus últimos filmes Wayne atuava com a desagradável companhia de um cilindro de oxigênio para compensar sua dificuldade respiratória. Hollywood sempre pensou em primeiro lugar em dinheiro e John Wayne, aos 69 anos de idade, significava altíssimo risco para investimentos em produções por ele estreladas.  Tendo sido dada a palavra final  pelo produtor Dino De Laurentiis que foi taxativo: “Ninguém melhor para um western que John Wayne”.

A atriz escolhida para fazer pareia com o conservador republicado John Wayne foi  Lauren Bacall, esposa do liberal Humphrey Bogart, que repudiava as posições políticas reacionárias de Wayne. Já haviam trabalhado juntos,  mas o  reencontro de Wayne com Bacall  foi frio e em poucos dias os dois mal se falavam. Além das posições políticas antagônicas que faziam com que Wayne permanecesse sempre irritado e de mau humor com seus colegas, O ator ficou internado por duas semanas, o que o levou quase ao desespero, ele que sempre foi inimigo maior daqueles que, geralmente por ataque de estrelismo, atrasavam as produções. Durante a ausência de Wayne, Don Siegel fez o que pode para não atrasar as filmagens, filmando todas sequências possíveis sem a presença do ator ou utilizando um dublê para ele. 

Em plena filmagem, certa manhã Wayne não apareceu para trabalhar pois teve que ser levado às pressas para o hospital.  Quase sempre, Wayne era acometido de crises violentas de tosse, tendo chegado a se agachar e sentar no chão desesperado com os acessos. Muitas sequências tiveram que ser interrompidas devido a essas crises nas quais Wayne muitas vezes expelia sangue misturado ao catarro. Temia-se que  não pudesse terminar as filmagens. Pensando assim, a equipe rumou para os  estúdios da Warner Bros. Situada a 185 metros de altitude, acreditava-se que John Wayne reagiria melhor quanto ao problema respiratório, mas isso não aconteceu. Uma das causas óbvias era o cigarro que ele não conseguia abandonar, ainda que o vício tenha sido reduzido para dois ou três maços por dia, a metade do que Wayne fumava em seus tempos saudáveis.


O organismo do gigante e aparentemente indestrutível John Wayne cobrava os excessos do tabagismo e das incontáveis garrafas de tequila e uísque consumidos ao longo da vida. O ator Richard Boone seu grande amigo que trabalha no filme e os dois travam   um bom  duelo   conta que encontrou um Duke diferente durante as filmagens. Mais reservado, falando quase nada, diferente do John Wayne entusiasmado e sempre cheio de projetos de outros tempos. Pareceu a Richard Boone que o amigo sabia que aquele seria seu último trabalho como ator. E não podia ser de outra forma pois ninguém melhor que John Wayne conhecia os inúmeros outros problemas de saúde que tinha, além da inseparável companheira que era a tosse.

O excelente faroeste O Último Pistoleiro(no Brasil) e O Atirador(nos Estados Unidos), se passa no ano de 1901, na cidade de Carson City em Nevada. De um certo modo é um filme que podemos chamá-lo de moderno. É uma película  toda outonal, sobre uma época que está acabando, que a rigor, a rigor, já acabou – a época da colonização do far West, do distante Oeste, a época sem lei e sem alma, a época dos pistoleiros, dos atiradores. Já há luz elétrica, água encanada, telefone e bondes – ainda puxados por cavalos, mas às vésperas da eletrificação.  A projeção começa JB Books – interpretado, é claro, pelo velho Duke(apelido de John Wayne na infância), entrando em Carsom City em pleno começo do Século XX(1901). Cabelos grisalhos, uma barbicha grisalha, rugas no rosto tão conhecido de todos nós, aos 69 anos de idade.

As pessoas na rua olham para aquele senhor e o chamam de velho cansado. Um garoto que o vê logo que ele chega usa essa expressão: velho cansado. Logo depois, JB Books, o garoto e o espectador ficarão sabendo que se trata de Gillom Rogers, o filho da própria senhora Rogers, que aluga quartos em sua ampla casa (e é interpretada por Lauren Bacall). O garoto  é interpretado por Ron Howard,   um ator com uma cara assim meio de bobo, mas que de bobo não tem nada, e nos anos seguintes se imporia como um dos grandes diretores de Hollywood. O personagem JB Books(John Wayne) vai pegar o bonde várias vezes – inclusive quando nos aproximamos da última sequência do filme, em que ele sai da casa da senhora Rogers com sua melhor roupa, recém lavada a seco, cabelo cortado, barba feita, para enfrentar seu destino.

O drama que foi atuar em  O Último Pistoleiro “The Shootist” chegou ao final no dia 5 de abril de 1976, quando as filmagens foram completadas. A saúde de John Wayne deteriorou-se implacavelmente tendo ele sofrido diversas internações até sucumbir em 11 de junho de 1979 com diagnóstico de câncer no pulmão e no estômago. O que se vê na tela ao assistir ao filme(que eu recomendo) é o drama de um pistoleiro que percebe que sua vida chegou ao fim, personagem interpretado por um ator que sabia que seus próximos anos de vida também seriam de dor e de sofrimento. Outros atores passaram por situação parecida, atuando mesmo cientes que tinham seus dias contados, mas nenhum interpretou, como John Wayne, um personagem – John Bernard Books – tão próximo a ele próprio: o último grande pistoleiro.

Quem quiser assistir esta magistral película, na íntegra  e com uma  formidável dublagem, eis aqui o endereço eletrônico:
 https://www.youtube.com/watch?v=Ltribefd0Rc





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