sábado, 4 de setembro de 2010

O MUNDIÇAL REMELENTO DO BOLSA ESMOLA E A NINGUENZADA QUE VOTA NA DILMA, DE UM MODO GERAL, SÃO PICARETAS QUE VIVEM NO MUNDO DA NECESSIDADE(PIDÕES). E, VOTARÃO, “MUITO RACIONALMENTE” EM QUEM JULGA CAPAZ DE AJUDÁ-LOS. OU SEJA, NÃO VOTAM PENSANDO NO COLETIVO E SIM NO INDIVIDUALISMO...



PARECE QUE FOI LULA QUEM DESCOBRIU O BRASIL
José Roberto Guzzo

O que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso poderia ter feito de tão ruim assim em sua vida, pública ou particular, para ser tão malquisto nessa escura nebulosa que é o mundo político brasileiro? O fato é conhecido já faz bom tempo, mas tende a ficar mais evidente em épocas de campanha eleitoral. Seus adversários, no PT e no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, TENTAM DEMONSTRAR DIARIAMENTE QUE FERNANDO HENRIQUE CONTINUA SENDO, OITO ANOS APÓS DEIXAR A PRESIDÊNCIA, O INIMIGO NÚMERO 1 DO POVO BRASILEIRO. Quase todos os que deveriam estar do seu lado fazem tudo o que podem para esconder que têm, ou tiveram, alguma coisa em comum com ele, qualquer que seja. Por que isso? A hipótese mais provável é talvez a mais simples: o que não se perdoa ao ex-presidente é o seu sucesso. O BRASIL, POR FORÇA DE TEIMOSA TRADIÇÃO, EM GERAL NÃO CONVIVE BEM COM O ÊXITO; NA CÉLEBRE DEFINIÇÃO DO COMPOSITOR TOM JOBIM, SUCESSO, POR AQUI, É “INSULTO PESSOAL”, TANTO PARA INIMIGOS COMO PARA AMIGOS DE OCASIÃO. EM VEZ DE ADMIRAÇÃO, PROVOCA RESSENTIMENTO. EM VEZ DE AFETO, ATRAI INIMIZADES. PRODUZ INVEJA, DESPEITO, RANCOR, MESQUINHARIA - enfim, põe em modo operacional toda uma coleção de traços que estão entre os menos atraentes da personalidade humana.
Falar mal de Fernando Henrique Cardoso tornou-se, ao longo dos últimos anos, um esporte nacional, sobretudo entre o que se chama de “elite brasileira”. É um dos passatempos preferidos da maioria dos nossos mais lustrosos capitães de indústria (ou de comércio, ou de finanças), fornecedores do estado ou empreiteiros de obras públicas - algo que transparece, aliás, nas doações de quase 45 milhões de reais feitas entre janeiro e julho para a candidatura oficial, mais do que o dobro do que se deu à oposição. A popularidade do ex-presidente é igualmente baixa entre os colossos do nosso mundo político, a começar pelos que têm as quilometragens mais longas, e os prontuários mais grossos, nesse tipo de ocupação.
Não gostam dele, de modo geral, professores universitários, cientistas políticos, analistas da imprensa, economistas, grandes vultos da cultura nacional O desapreço por Fernando Henrique, enfim, acabou se tornando um fenômeno interpartidário. Começou com o PT e o “FORA FHC”, por questões de estratégia e marquetagem política - era preciso “desconstruí-lo”, pois era ele o inimigo a abater. Com o tempo, os seus próprios aliados passaram a acreditar no que dizia o PT - e, por questões de estratégia e marquetagem política, decidiram afastar-se dele, convencidos de que “FHC custa votos”. Resulta que estamos na terceira campanha eleitoral seguida em que a prioridade do PSDB é fazer de conta que não tem nada a ver com Fernando Henrique. Ele foi o único presidente que o partido elegeu até hoje - já no primeiro turno, por sinal, das duas eleições que disputou. Mas desde janeiro de 2003 não serve mais; tornou-se, politicamente, uma espécie de portador de doença contagiosa.
Os pecados dos quais Fernando Henrique é acusado pelos que sempre foram seus inimigos políticos e pelos que deixaram de ser amigos são numerosos demais para caber numa mera página de revista. Há alguma coisa errada no Brasil? Deu problema? Está com defeito? A culpa é dele, e ainda não deu tempo para consertar. Entende-se melhor o espírito da coisa quando se verifica que a acusação talvez mais repetida descreve o ex-presidente COMO “ARROGANTE” OU “VAIDOSO” - UMA ESCOLHA REALMENTE INFELIZ DE PALAVRAS, POIS COMPARADO AO SEU SUCESSOR NESSE QUESITO, JUSTO NESSE, O HOMEM CHEGA A PARECER UM MONGE TRAPISTA. Mais que tudo, porém, foi vendida e comprada a lenda segundo a qual ele deixou o país “em ruínas” e passou uma “herança maldita” para o presidente atual. Mas o que aconteceu no mundo dos fatos foi exatamente o contrário. A verdade é que pouco do que existe de positivo no Brasil de hoje não está ligado, de alguma forma, aos dois períodos de Fernando Henrique na Presidência. Não é preciso complicar as coisas. FOI SEU GOVERNO QUE FINALMENTE ENCAROU E VENCEU A INFLAÇÃO NO BRASIL - OU TERIA SIDO ALGUM OUTRO?
Em cima desse alicerce, no qual não se mexeu em nada, foi construída a casa que está de pé até hoje, a começar pelos aumentos reais de renda que tiraram milhões de brasileiros da pobreza e que agora são descritos como a maior conquista da história nacional(Manchete do texto original: Sem perdão)

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