O executivo Hilberto Mascarenhas, um dos delatores da Odebrecht, entregou à Operação Lava Jato, uma tabela com o valor total movimentado pelo Setor de Operação Estruturadas, o departamento de propina da empreiteira. ENTRE 2006 E 2014, FORAM GIRADOS APROXIMADAMENTE US$ 3,37 BILHÕES. Os anos de 2012 e 2013 tiveram a maior movimentação de recursos ilícitos: US$ 730 MILHÕES. Em 2014, ano da deflagração da Lava Jato, o setor diminuiu os repasses, chegando a US$ 450 MILHÕES.
Em anexo da delação premiada, entregue por Hilberto Mascarenhas à Lava Jato, o delator afirma que a partir de 2009, passou a alertar Marcelo Odebrecht sobre o volume de recursos ilícitos.
“Ressalte-se que apesar da área ter sido criada com o intuito de controlar e dar segurança às operações de pagamento de propina pela Odebrecht, desde 2009 passei a alertar Marcelo que o volume de recursos estava crescendo de forma brutal e por mais que criássemos mecanismos de segurança, operações estruturadas para pagamento, apenas pelo tamanho do volume de recursos e pela quantidade de pessoas cada vez maior que tinha envolvimento com a área era impossível garantir a segurança”, relatou.
Hilberto Mascarenhas trabalhou na Odebrecht por 40 anos por ‘predomínio na área financeira’. Em 2006, relatou, estava na tesouraria da Odebrecht S.A sem programa específico, quando foi ‘intimado’ por Marcelo Odebrecht, que na época era o presidente da Construtora Norberto Odebrecht, para assumir a área de Operações Estruturadas, subordinada a ele.
O delator afirmou que ’em princípio’, relutou a aceitar o cargo ‘tendo em vista a grande exposição e risco’ que o trabalho traria, mas ‘depois de alguma insistência’, aceitou a proposta. Hilberto afirmou que haveria ‘remuneração e pelos benefícios que passaria a ter, tais como carro com motorista, apartamento em São Paulo para trabalho e passagem de volta a Salvador nos finais de semana’, onde residia a família.
Segundo Hilberto, a área fazia duas formas de pagamentos: EM ESPÉCIE NO BRASIL e em DEPÓSITO BANCÁRIO EM CONTAS NO EXTERIOR. Os repasses no País eram entregues em ‘PACOTES/MALA DE DINHEIRO EM LOCAIS PREDETERMINADOS’. As transferências bancárias no exterior eram feitas a partir de offshores.
A partir ele 2009, informou o delator à Lava Jato, Marcelo Odebrecht delegou aos Líderes Empresariais (“LEs”) a responsabilidade pela aprovação dos pagamentos relacionados às suas respectivas áreas/empresas. Os principais LEs solicitadores de pagamentos, afirmou, eram Benedicto Junior, Márcio Faria, Ernesto Baiardi, Henrique Valadares, Luiz Mameri e Fernando Reis, além do próprio Marcelo Odebrecht, que também fazia solicitações. (AE)
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