Uma das seções de maior prestígio e número de visualizações do Marreta, a Travessuras de Menina Má, teve seu título roubado do romance homônimo de Mario Vargas Llosa. Além do livro citado, devo ter lido mais um pequeno punhado de outras obras do escritor. Os cadernos de Dom Rigoberto, Conversa na Catedral, Tia Julia e o Escrevinhador, A Festa do Bode.
Llosa, hoje com 86 anos, é romancista, cronista, jornalista, crítico literário, professor universitário, ensaísta, ou seja, um intelectual na acepção mais plena do termo, do tipo que não se produz mais. Nobel de Literatura em 2010.
Como mesmo todo grande intelectual tem sua fase burra, Llosa, inicialmente, empolgou-se e apoiou o governo ditatorial cubano de Fidel Castro, mas logo voltou à razão, desencantou-se com a bandalha da esquerda e aderiu ao liberalismo político, autodefinindo-se como de centro-direita.
Sempre ativo na vida política de seu país, em 1990, chegou a concorrer à presidência do Peru, tendo sido derrotado por Alberto Fujimori.
Recentemente, dia desses, Llosa emitiu algumas declarações sobre a atual conjuntura da política brasileira, a respeito de seus dois atuais expoentes máximos (pããããããta que o pariu!!!), Jair Messias "Cavalão" Bolsonaro e Luis Inácio Sapo Barbudo Lula da Silva.
Pareceres que valem muito a pena ser ouvidos e levados em consideração. Primeiro, porque vêm de um sujeito com uma vida inteira de experiência na política sul-americana e, depois, porque é uma visão de fora, de alguém alheio ao processo eleitoral de 2022, uma visão, portanto, mais ampla e não contaminada por preferências ou rejeições, por fanatismos de nenhuma espécie.
Algumas falas de Llosa :
"Não gostaria de estar na situação de ter que escolher entre Lula e Bolsonaro. Mas realmente jamais votaria em Lula. Ele foi um homem que corrompeu profundamente. Podemos dizer que os dirigentes peruanos se deixaram corromper, mas Lula cumpriu uma função muito negativa no Peru."
(a respeito de uma delação da Odebrecht que acusou o Seboso de Caetés e seus 40 ladrões de pedirem propina no Peru, o famoso pixuleco, em troca de benefícios em licitações);
"No Peru, temos quatro presidentes com processos na Justiça [em decorrência da Lava Jato]. Em grande parte, todos eles foram vítimas de Lula, pois ele utilizava, digamos, a Presidência para corromper os governantes latino-americanos. No Peru, causou estragos."
Llosa também entendeu perfeitamente a maracutaia feita para soltar o Nove-dedos e torná-lo de novo elegível, sabe perfeitamente diferenciar entre uma anulação de uma condenação e uma declaração de inocência do ex-condenado. Destacou que a anulação das condenações de Lula se deveram a questões técnicas e que o ex-presidente brasileiro segue associado à corrupção, segue culpado.
"Foram por questões técnicas, e alguns juízes também têm seus preferidos na política. Torço para que não elejam de novo Lula, pois ele está muito associado à corrupção."
Sobre Bolsonaro, também não demonstrou muita simpatia :
"Digamos que não tenho muita simpatia por Bolsonaro. Com sua posição sobre as vacinas, ele provocou uma verdadeira catástrofe no Brasil. Além disso, tem uma certa vocação pela palhaçada, não?"
Pois bem, primeiro foram os honoráveis Joaquim Barbosa e Sérgio Moro a provarem por a+b+c+...z que Lula e o PT são mafiosos da pior espécie; agora, um Nobel da Literatura, desde sempre um ativista na política sul-americana, a dizer que Lula corrompeu não só o Brasil, mas também os seus hermanos do Mercosul. No Peru, quatro ex-presidentes estão encalacrados com a Justiça só por terem tido contato com a pestilência de Lula.
E, no Brasil, um monte de gente querendo que esse calhorda volte à Presidência, um monte de gente querendo passar a chave do galinheiro, de novo, para a raposa. E sabendo que o cara é uma raposa. Votar em um candidato, como foi o caso do primeiro mandato de Lula, achando que ele é honesto, é uma situação, é credulidade, ingenuidade, até. Contudo, continuar votando depois de todos os mensalões, petrolões, triplex e sítios de Atibaia nem é mais ser burro, é ser cúmplice.
No caso dos políticos, infelizmente, é virtualmente impossível a Justiça mantê-los presos para sempre. Cabe à Justiça, então, fazer o papel que lhe é possível : mostrar que o sujeito não presta, que é um ladrão de pior estirpe, alertar à população para que não mais deposite seus votos e suas esperanças nele. Nesse quesito, o de desmascarar os pústulas, nossa Justiça não tem se saído das piores, não, tem cumprido com esse seu mínimo papel. Porém, e isso só pode ser coisa de nosso DNA de degredados, de bandidos, quanto mais se prova que um político não presta, mais votos ele angaria nas eleições seguintes. - Texto esplendoroso escrito pelo ótimo Marreta do Azarão da progressista cidade de Ribeirão Preto - SP. -