Guilherme Fiuza
A nova condenação de Lula, agora no processo do sítio de Atibaia, trará consigo outro veredito ainda mais importante: é hora de saber qual Brasil continuará perguntando cadê as provas. Ou melhor: é hora de saber qual Brasil decidirá assumir, ostensiva e definitivamente, o papel de cúmplice.
A brincadeira acabou. Petistas e genéricos continuarão abrigados na fantasia patética do preso político porque não têm outra saída. Mas quem não vive diretamente dessa lenda miserável terá de decidir. Ou vai ao Google, constata a floresta de crimes cometidos por Lula e abandona a ladainha vexatória, ou assina embaixo da delinquência.
E quem subscreve delinquência não é militante progressista, é delinquente.
O Brasil que quer se organizar e crescer até poderia relevar a banda do Lula Livre – concedendo a ela, num gesto magnânimo, o status de Napoleões de hospício. Mas infelizmente não é disso que se trata.
No início do seu depoimento a Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, Lula afrontou a juíza. Em seu conhecido (e dissimulado) estilo intimidador, saiu interpelando a autoridade, com a velha erudição de botequim: “Eu sou o dono do sítio ou não?”, foi disparando o ex-presidente preso, entre outras bravatas.
“Senhor ex-presidente, este é um interrogatório – e se o senhor começar nesse tom comigo vamos ter problema”, retrucou a juíza.
Parêntese cultural: adivinhe se surgiu ou se jamais surgirá algum militante progressista, feminista ou politicamente correto para repudiar esta afronta de um criminoso condenado contra uma mulher representante da lei? Adivinhou, seu danado.
Mas isso já nem interessa, fica para o anedotário do moralismo tarja preta. O que interessa é que Luiz Inácio da Silva continua simbolizando o Brasil que pode atropelar as instituições em nome de uma demagogia tosca – lastreada justamente em você, prezado hipócrita esclarecido, que continua comprando ações do “cadê as provas”, a impostura mais famosa da fervilhante bolsa das bondades de aluguel.
O presidente do BNDES no novo governo, Joaquim Levy, foi escolhido com a missão de “abrir a caixa-preta” do banco. É uma frase de efeito, das que o presidente eleito gosta de usar porque estão na boca do povo. Mas não é só uma tirada. Bolsonaro de fato deseja comprar essa briga – talvez uma das maiores que se possa comprar no Brasil de hoje.
Nessa caixa-preta está, certamente, a maior quantidade de provas dos crimes do PT contra as instituições nacionais.
Vale dizer que há vários gatos escondidos com o rabo de fora da caixa – como o favorecimento descarado e bilionário ao grupo de Joesley Batista, que virou o maior corruptor confesso da República, e laranja inconfesso do sistema petista. Desse entroncamento proveio a conspiração de maio de 2017 para derrubar Michel Temer, operada pelo simpatizante fantasiado de procurador Rodrigo Janot.
Se tudo tivesse corrido “bem”, a remoção da aparelhagem petista teria sido interrompida e o açougueiro do PT teria tido um final feliz em seu doce exílio novaiorquino, chancelado pelo STF.
Há muito mais a mostrar sobre como o dinheiro do BNDES, isto é, do trabalhador brasileiro, financiou indiretamente até lobby da quadrilha sobre os altos tribunais.
O Tribunal de Contas da União já tem farta literatura sobre os caminhos criminosos de créditos do BNDES para corrupção da agremiação de Lula, Dilma (solta) e cia envolvendo empreiteiras nacionais e ditaduras estrangeiras. É esse ninho de obscurantismo e bandidagem que você, hipócrita do “cadê as provas”, legitima com o seu verniz ideológico de 1,99.
Com a nova condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é preciso condenar também a lavagem de reputações. Que os pedalinhos personalizados de Atibaia – que gritam sua obscenidade na paisagem dos engolidores de provas – se tornem o emblema definitivo da honestidade intelectual: fora das caixas-pretas e sob a luz do sol, roubo não é distração, ladrão não é vítima e defensor de bandido é, apenas e tão somente, defensor de bandido.
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