Pedro Rogério Moreira
Há pouco tempo, talvez uns três ou quatro anos se tanto, um colunista social
do jornal O Globo promoveu entre seus colegas de trabalho uma
eleição para a escolha dos dez malas do ano. Um dos eleitores
incluiu o empresário Eike Batista na lista, porque – explicou o eleitor - Eike
estava aparecendo tanto na mídia que virou um mala. Era Eike pra
cá, Eike pra lá, disse o jornalista; chega de Eike! – bradou.
Olhem: deu um grande rebu no jornal; o eleitor foi execrado publicamente
pelo promotor da enquete: onde já se viu uma coisa destas? Eike, um dos mais
chatos do momento? Que insanidade! Que falta de visão da relevância social,
econômica e política do empreendedor brasileiro incluído pela revista Forbes entre
os mais ricos do mundo! Ele tem enorme destaque na mídia, seu nome se publica
sempre por causa da enorme importância que desfruta no cenário do
progresso de nosso país – quis dizer o promotor da lista dos dez malas
do ano.
O fato mostra a unanimidade (quase, quase, não fosse o solitário voto
dispare do jornalista de O Globo) em torno do nome de Eike Batista.
Ele não era apenas um dos queridinhos do presidente Lula e um dos mais amados,
se não o mais amado empresário, da presidente Dilma; Eike era também um dos
queridinhos da grande imprensa nacional. Muitos jornalistas o bajulavam
escancaradamente, como atesta o rebu acontecido no pleito da redação de O Globo.
Jornalistas rivalizavam com socialites e com celebridades de sete
minutos, na disputa de um lugar ao sol irradiado pelo empreendedor carioca.
Receber um convite para jantar no restaurante famoso de Eike na Lagoa tinha
equivalência a privar da mesa do Santo Padre.
Hoje, os que promoviam o oba-oba na imprensa, ó: desapareceram, se
pirulitaram, vazaram. Todos num silêncio omisso ou acoelhado. Excetuando uma
carta de uma médica carioca, carta que rola pela internet e não sabemos se é
verdadeira, não li nem vi nenhuma palavra deitada a favor do empresário encarcerado
e acarecado pela polícia judiciária do Rio, num ato mais de demagogia do que de
fundo higiênico. Afinal, também os carcereiros querem disputar os seus minutos
de glória, e para tanto competem até mesmo com os piolhos que possam proliferar
nas celas das penitenciárias brasileiras. Eike, um mala careca,
era só o que faltava.
Além da penalização discutível que está recebendo da polícia, e da
sentença que irá receber da Justiça ao fim do processo, Eike Batista já está
cumprindo a pena adicional imposta pela mídia: o nome dele aparece só se for
contra; a favor dele, não! O redator destas linhas desconhece a grande
contribuição de Eike Batista em favor do País, mas tem certeza de que existem
fatos positivos em sua fulgurante trajetória profissional, talvez até de
dimensão semelhante aos fatos negativos. Os jornalistas econômicos devem saber
quais, mas, sobretudo, saberão aqueles colunistas do jornal carioca que tão
ferrenhamente repudiaram a qualificação de mala do ano para
Eike Batista. Ao microfone, façam o favor. Até para não convalidarem o
aviso da célebre trova do poeta mineiro Soares da Cunha, trova sempre lembrada
pelo presidente JK nos anos de ostracismo:
Amigos são todos
eles,Como aves de arribação:
Se faz bom tempo eles vêm,
Se faz mau tempo eles vão
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