Relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal
(STF) acusa os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff de
obstrução de Justiça. Para o delegado Marlon Oliveira Cajado, Lula e Dilma
tentaram retardar investigações da Lava-Jato quando a ex-presidente tentou, ano
passado, nomear o ex-presidente para a Casa Civil. O cargo daria a Lula foro
privilegiado e forçaria a transferência das investigações contra da 13ª Vara
Federal de Curitiba para o STF, em Brasília.
O relatório foi encaminhado ao ministro Edson Fachin, relator da
Lava-Jato no STF. No documento, Cajado recomenda o envio dos autos para a
Justiça Federal. Lula e Dilma não têm mais direito a foro especial. No mesmo
relatório, o delegado acusa o ex-ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, de
obstrução de justiça e tráfico de influência. O ex-ministro teria tentado
demover o ex-senador Delcídio Amaral de um acordo de delação que negociou com a
Procuradoria-Geral da República.
FALTA JANOT – As
conclusões da polícia sobre os dois casos foram enviadas a Fachin na semana
passada. Antes de qualquer decisão sobre o assunto, o ministro deverá pedir
manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Caberá ao
procurador decidir se endossa ou não as sugestões da polícia. Janot pode
concordar com a remessa dos autos à Justiça Federal, pedir a prorrogação ou até
mesmo o arquivamento das investigações.
A tentativa de Dilma de transformar Lula em ministro da Casa Civil,
quando crescia o movimento pelo impeachment no Congresso Nacional, não deu
resultado. Numa liminar, o ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou a
suspensão da nomeação. Mendes entendeu o cargo de ministro daria a Lula
proteção contra as investigações da Lava-Jato. A ex-presidente foi afastada do
cargo antes do julgamento do mérito da questão, que ainda permanece em aberto.
Na semana passada, o ministro Celso de Mello derrubou liminar que
impedia a posse do ministro Moreira Franco na Secretaria-Geral da Presidência.
Para Mello, o cargo de ministro não daria a Moreira qualquer vantagem nas
investigações da Lava-Jato. Moreira é um dos acusados em delações de executivo
da Odebrecht de pedir DINHEIRO
à empresa.
APOIO A DELCÍDIO – Mercadante foi acusado
de oferecer apoio a Delcídio para que o ex-senador não fizesse acordo de
delação com o Ministério Público. O ex-ministro teria tentado cooptar o
ex-colega de partido durante uma conversa com Eduardo Marzagão, assessor de
imprensa do ex-senador. Marzagão gravou a conversa e entregou o material a
Procuradoria-Geral da República. Àquela altura, Delcídio tinha firmado acordo e
já estava fazendo as denúncias que, quando divulgadas, intensificaram o
movimento pelo impeachment da ex-presidente.
Por meio de nota, o advogado de Pierpaolo Bottini informou que
Mercadante recebeu com “surpresa” a conclusão do relatório da PF. Segundo a
defesa, “os diálogos não retratam qualquer tentativa de obstrução da Justiça,
mas um gesto de apoio pessoal”.
“Mercadante reafirma que jamais intercedeu junto a qualquer
autoridade para tratar deste tema. Reitera que confia plenamente na Justiça e
no Ministério Público Federal, colocando-se, como sempre, à disposição das
autoridades para todos os esclarecimentos necessários”, diz a nota. – Fonte:
FOLHA.
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