Por
Altamir Pinheiro
Se vivo fosse estaria completando 110 anos, JOHN
WAYNE, um dos atores mais emblemáticos dos filmes faroestes era
considerado o PAPA dessa modalidade de
cinema. Não era preciso ninguém dizer a John Wayne que ele não era um bom ator.
Ele era o primeiro a dizer, conforme nos confidencia o bom crítico de cinema
Inácio Araujo. Na minha simplória análise, Henry Fonda pode ter sido a efígie
da virtude; Lee Van Cleef a encarnação
do mal; GeorgeHILTON ou Terence Hill o bonitão ou até mesmo o galhofeiro do
Oeste; James Stewart, a prova de que o valor moral precede a virtude física.
Foram caubóis absolutos. Mas WAYNE ia além. Ele era dotado de uma vulgaridade
que ninguém mais tinha. O grandalhão de um metro e noventa nasceu em 26 de maio
de 1907, com o nome de MARION MICHAEL
MORRISON, no CONDADO de Winterset, Iowa.
Pois bem!!! Em que pese meus singelos conhecimentos a
respeito do assunto e um pesquisador como também um estudioso nato dos ícones
do cinema de faroeste, caubói ou bangue bangue, lendo sobre o PAPA DO FAROESTE,
percebe-se claramente que John Wayne não se espantava. Era dotado de um
conhecimento prático. Sua sabedoria podia ser limitada, mas era enormemente
precisa. Se outros grandes caubóis encarnaram as virtudes da América, Wayne
trazia também seus defeitos. Não era apenas um adepto da vida em liberdade
dotado de espírito de conquista. Era quase sempre TRUCULENTO, não raro AMBICIOSO
demais, por vezes SÁDICO. Nos melhores papéis, está longe de ser um mocinho: o
Ethan Edwards de "RASTROS DE ÓDIO" (1956) e o Dunson de "RIO
VERMELHO" (1948) estão longe de ser figuras que possuíam algumas virtudes de caráter. Só Duke(apelido dele na
infância) poderia ser cheio de ódio, vingativo, racista, violento. Isso sem
deixar de suscitar a admiração do espectador pelo homem mal. Seu início de
carreira em Hollyood foi bastante conturbado, haja vista que o ator foi
condenado a uma série infindável de filmes "B" até ser resgatado por
John Ford para estrelar "NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS" (1939). O filme
emplacou. E também a imagem de WAYNE COMO protótipo do herói americano em tempo
de guerra. Guerra, aliás, por conta da qual fez uma pilha de filmes secundários.
Em se tratando dos monstros sagrados do cinema
mundial, entre atuações e participações,
o norte-americano possui cerca de 150 filmagens como ator. Mas o que marca
realmente JOHN WAYNE, tanto quanto o seu contemporâneo Kirk Douglas que ainda é
vivo e completou recentemente, 100 anos de idade (os dois trabalharam juntos no
filme Gigantes em Luta), é o seu
primórdio como galã, em uma época onde os "DURÕES" eram o que ditavam
a indústria do faroeste. Tanto Wayne como Kirk
são lendas atualizadas do cinema
de bang bang com aquele aspecto de brutamontes. Os dois são os últimos de uma geração diferente de galãs.
Naquela época os valores eram outros. O homem, por exemplo, não podia
demonstrar fraqueza. Imperavam regras como "HOMEM NÃO CHORA”. Hoje em dia
a viadagem tomou conta do pedaço e essa “GUEIZADA” que aí estar só sabe rebolar
e mostrar a bunda em suas “PARADAS GAY”. Hoje, esse papo furado que homem não
chora ou mesmo rótulo dessa natureza,
não passa de um título de música brega na voz do bom, romântico e inesquecível
Waldick Soriano...
É de bom alvitre destacar que, Wayne era um reacionário de carteirinha.
Talvez para mostrar seu apreço, naquela hora difícil em que todo mundo o
ridicularizava, Hollywood concedeu-lhe o Oscar de melhor ator de 1969 por
"BRAVURA INDÔMITA", um filme que não estar com esse balaio todo de Henry Hathaway. Fumante inveterado desde a
juventude, a essa altura o câncer já o atormentava. Deixou de fumar seus cinco
maços de cigarro diários. Isso não impediu a progressão do mal, que o levaria a
uma notável interpretação, em "O ÚLTIMO PISTOLEIRO" (1976), de Don
Siegel, em que interpreta, justamente, um atirador que está morrendo de câncer.
A última imagem não foi boa: o homem enorme debilitado e abatido recebia o
OSCAR HONORÁRIO, imensamente aplaudido pela plateia. Aquele homem parecia um
fantasma do John Wayne que conhecíamos. Morreria poucos anos depois, em 11 de
junho de 1979, aos 72 anos.
Por fim, aconselha-se aos amantes do faroeste
assistir ao filme O ÚLTIMO PISTOLEIRO que é uma obra imprescindível. Em 1976,
Wayne se despediu das telas e fez seu derradeiro filme, O Último Pistoleiro, ao
lado da excepcional atriz Lauren Bacall, NO PAPEL DE UM VELHO CAUBÓI MORRENDO
DE CÂNCER, MAS AINDA LUTANDO. O roteiro tem muito a ver com a própria vida do
ator, traz a história de um velho e lendário pistoleiro que sofre de câncer e
procura um local, onde possa morrer em paz. Porém, não consegue escapar de sua
reputação. Além da atriz Lauren Bacall contracena com ele James Stewart, que
faz o papel de médico e dá-lhe o diagnóstico do câncer e apenas três meses de
vida. John Wayne, perfeito em seu último papel, também sofria da mesma doença
na VIDA REAL. Este foi o último filme da carreira do Papa dos filmes de
faroestes. Em 11 de julho de 1979, o homem que melhor se identificou com os
heróis da colonização americana, morreu vítima de câncer nos pulmões, mas
entrou para sempre no Olimpo dos deuses da sétima arte. Sem sombra de dúvida, o
ÚLTIMO PISTOLEIRO é uma Obra imprescindível.
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