Jonathan, que era motorista, tenta arranjar emprego |
COMO CONFIRMA O JORNALISTA CARLOS NEWTON,
AS PROVAS SÃO ABUNDANTES E EVIDENTES. GRÁFICAS-LARANJAS, SEM EQUIPAMENTOS NEM FUNCIONÁRIOS, E
SÓCIOS-LARANJAS, COMO
ESSE MOTORISTA, QUE AGORA PRECISA DESESPERADAMENTE DE UM NOVO EMPREGO.
Flávia Albuquerque e Elaine Patricia Cruz
O proprietário da Focal, o empresário Carlos Roberto Cortegoso,
testemunha ligada às gráficas que prestaram serviços à campanha de 2014 da
chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, foi o último a ser ouvido
antes do carnaval, na sede do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE), em São Paulo. A gráfica Focal é uma das empresas
investigadas por supostas irregularidades durante a campanha eleitoral.
Cortegoso saiu por volta das 16h15, sem falar com a imprensa. Cortegoso e mais
três testemunhas foram ouvidas pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma e
Temer. Os depoimentos estão sendo realizados por videoconferência, com o
ministro em Brasília.
O advogado Marcio Antonio Donizete Decreci, que defende Cortegoso,
evitou dar detalhes sobre o que foi dito hoje. “Isso corre sob sigilo e só
estou acompanhando”, afirmou. “Carlos esclareceu todos os pontos do trabalho
que ele desenvolveu na campanha, em relação ao trabalho da Focal e aos serviços
realizados”, disse o advogado. “Ele prestou o serviço, isso eu posso dizer.”
“LARANJA” CONFIRMA – Mais três pessoas foram ouvidas nesta
segunda-feira: duas como investigadas, os empresários Rodrigo Zanardo e Rogério
Zanardo, da Rede Seg Gráfica, e o ex-motorista de Cortegoso, Jonathan Gomes
Bastos, como testemunha.
O ex-motorista, que já havia prestado depoimento no dia 8, esclareceu
que, sem SABER, foi usado como laranja. Ele contou que está movendo um processo
contra a gráfica, onde trabalhou por 13 anos. “MINHA VIDA MUDOU
MUITO, HOJE TENHO O NOME SUJO, ESTOU DESEMPREGADO. USARAM MEU NOME EM TRÊS
EMPRESAS CITADAS NA LAVA JATO [Focal Point, Redeseg e VTPB]. Fui um
laranja.”
Jonathan disse que está com dificuldade para conseguir emprego. “Só
preciso voltar a trabalhar. O que vai acontecer com eles não me importa, porque
eles são ‘peixes grandes’. Tudo bandido, e com eles não vai acontecer nada.”
Sobre o depoimento do ex-motorista, o advogado de Cortegoso preferiu não
fazer comentários. “É uma questão que está toda no processo e, neste momento,
não quero me manifestar sobre isso.”
TEMER E DILMA – Os advogados do presidente Michel Temer
e da ex-presidenta Dilma Rousseff acompanharam os depoimentos na sede do TER
paulista. Na saída, Gustavo Guedes, defensor do presidente, disse que esta “foi
mais uma audiência extenuante” e que as testemunhas, ouvidas desde as 10h, “em
nada contribuem com o objeto desse processo”.
Segundo Guedes, o testemunho do ex-motorista é estranho ao processo. “A
relação societária que ele tinha com o senhor Carlos Cortegoso é uma situação
estranha a esse processo. O Brasil não pode seguir com esse processo tão
importante para o país por conta de uma relação societária de uma gráfica ou de
uma empresa que forneceu para a campanha. Na nossa avaliação, este é um tema
que deve ser tratado na esfera criminal e tributária, para ver se isso
realmente ocorreu, mas um processo dessa natureza, dessa importância, não pode
seguir tão somente por conta de uma razão societária, de empresas que
forneceram para a campanha.”
Mais uma testemunha ainda deverá ser ouvida pelo ministro por meio de
videoconferência. Segundo Flávio Caetano, trata-se de uma testemunha de Minas
Gerais, de uma terceira gráfica que prestou serviços para a campanha, a VTPB.
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