Por Diego Mello
Construção do muro na fronteira com o
México, protecionismo econômico, combate aos imigrantes ilegais, recusa em
receber refugiados. Só para citar algumas decisões tomadas já no primeiro mês
de governo, completado hoje, 20 de fevereiro, pelo presidente Donald Trump e
que, como consequências, em grande parte, parecem chocar o mundo, deixar
estarrecida parte da própria população americana, servir de base para protestos
de populares, celebridades e ativistas, e um mote pronto para críticas da
imprensa.
Em pouco tempo no poder, o que parece
coisa de um aTRUMPalhado gestor público, insensível às causas humanitárias,
desconectado com a própria história americana e de como os Estados Unidos se
tornaram um exemplo de nação democrática e livre, símbolo do capitalismo
mundial, na verdade está completamente conectado com tudo aquilo que ele
apresentou como propostas para seu governo, caso eleito.
Quando um novo governo começa, mesmo
que de continuidade apoiado pelo gestor anterior, ou até reeleito, aprendemos,
erradamente, a ter paciência, a dar prazo de tolerância, achamos normal em um
governo de apenas quatro anos, esperarmos seis meses para o gestor
"colocar a casa em ordem". Quando este governo é de transição então,
aí é que aceitamos pacificamente, quase como uma causa natural, o governante
colocar toda culpa na gestão anterior por ele só trabalhar e implementar seu
programa de governo quase a partir do segundo semestre do primeiro ano de
gestão. E então Trump sapeca sua primeira primeira lição: a velocidade. O ensinamento
de que o tempo é precioso, de que os quatro anos de uma gestão ou mesmo o tempo
que ela durar, se desenham desde o primeiro dia, do primeiro ato. E, a reboque
deste ensinamento de Trump, vem logo outro na sequência: pra que perder tempo
se está (ou foi) tudo escrito, se o que ele iria fazer estava devidamente
prometido na campanha, detalhado no plano para o governo.
De fato, Trump, como é sabido, é um
"forasteiro", um "outsider", um neófito na política. Mas,
como característica de um homem de negócios, investe tempo demais planejando
para quando for executar gastar o menor tempo possível. Esta regra ele trouxe à
política. E, em um mês na Casa Branca, carregou nas tintas com uma coerência
difícil de enxergar em qualquer político: seguiu à risca o que prometeu e
imprimiu velocidade, já que tudo já havia sido planejado e divulgado
anteriormente.
Trump é um midiático, um comunicador, e
usou a mídia tradicional e as redes sociais para pré-dizer tudo aquilo que
agora executa. Não se pode reclamar de incoerentes as ações tomadas pelo novo
presidente americano. Talvez seja ingenuidade ou um mau costume do eleitor
achar que é normal o sujeito fazer promessas para se eleger e, quando eleito,
mudar a rota. Nos atos de Trump, não há fator surpresa.
Trump é um ensinamento mundial da
importância do voto. Da reflexão antes de apertar o Confirma ou preencher uma
cédula eleitoral. É uma lição global de ação e consequência. De pensar antes de
agir.
Não está em pauta aqui a concordância
com os fatos e, sobretudo, com os atos do presidente americano. Isso ele expôs
na campanha, com amplo debate e repercussão, com o contraditório em sua
adversária, e as urnas escolheram a proposta dele. Os votos o elegeram para ele
cumprir o que apregoou por meses. Trump demonstra corretamente que campanha,
eleição e gestão são, e devem ser, uma coisa só.
E assim Trump deixa uma lição ao mundo,
aos políticos e aos eleitores, programa de governo e promessas de campanha são
coisas sérias. Num mundo em que a gente cobra tanto que os políticos, uma
classe que sempre ouvimos ser a que promete, mas não cumpre, Trump é um exemplo
a ser seguido. – A imagem e a manchete não fazem parte do texto original -
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