A
intervenção da tirana búlgara no setor elétrico deixou como nefasto resultado
UM ROMBO DE 62,2 BILHÕES DE REAIS, valor a ser pago, como indenização, às
transmissoras de energia. E Dilma ainda viaja ao exterior para falar mal do
Brasil:
Mais
de quatro anos depois de a presidente Dilma Rousseff intervir no setor elétrico
para reduzir a conta de luz em 20% — queda que foi anulada por aumentos que
ultrapassaram 50% em 2015 —, um novo esqueleto do setor elétrico ganhou corpo
ontem. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) bateu o martelo e DEFINIU EM R$ 62,2 BILHÕES O VALOR DE INDENIZAÇÕES
A TRANSMISSORAS DE ENERGIA. O CONSUMIDOR VAI ARCAR COM ESTA FATURA NAS CONTAS
DE LUZ ATÉ 2025. A estimativa é que esta decisão
signifique um efeito médio de alta nas tarifas de 7,17% este ano. O valor do
reajuste que será efetivamente pago pelo consumidor, porém, depende de outras
variáveis que afetam a conta de luz — como subsídios, custo de geração da
energia de Itaipu, comportamento do dólar, entre outros — e é definido de
acordo com cada distribuidora. No caso do Rio de Janeiro, a previsão é que a
tarifa residencial suba 8,55% em março, percentual que já engloba o efeito das
indenizações.
Desde
que o governo decidiu interferir no setor elétrico, a conta de luz tem vivido
uma montanha-russa. Em 2013, a energia teve queda de 15,66%, alívio que foi
logo compensado por um aumento de 17,06% em 2014 e de 51% em 2015. No ano
passado, houve queda de 10,66%, segundo dados do IBGE. Para este 2017,
especialistas previam nova queda de preço. O efeito da indenização a
transmissoras será, portanto, o de restringir o benefício que chegaria ao
consumidor.
O
imbróglio começou com a publicação da medida provisória 579, em 2012, que tinha
o objetivo de reduzir a conta de luz. Ela previa que as concessões de geradoras
e transmissoras de energia teriam seu vencimento antecipado, mas as empresas
receberiam o pagamento de indenizações por investimentos efetuados e que não
foram devidamente amortizados. Os contratos seriam renovados e condicionados a
receitas menores das empresas. O pagamento das geradoras ocorreu em seguida,
com recursos disponíveis em fundos públicos. O pagamento das transmissoras de
energia, que foi prometido na época, porém, foi arrastado até este ano. Somente
o efeito financeiro desse atraso aumentou a conta em mais de R$ 35 bilhões,
segundo a Aneel.
— O
fato de não ter sido pago naquela época imputou hoje valor considerável para o
consumidor, que não teve gestão na decisão de pagar ou não — disse ontem Reive
de Barros, diretor da Aneel que relatou o processo.
CASO PODE TERMINAR NA JUSTIÇA
Para
Lucas Rodrigues, analista de mercado da Safira Energia, a indenização resulta
da mudança na renovação dos contratos de geração e transmissão:
— O
governo mandou baixar o preço da tarifa. Na época da renovação dos contratos de
concessão, as empresas não tiveram seus ativos remunerados. A indenização é
necessária para atender ao crescimento da demanda de energia.
Segundo
estimativa da Tendências Consultoria, o repasse do custo das indenizações ao
consumidor causará alta de 0,3% na tarifa de energia elétrica no ano. O impacto
sobre a inflação seria de 0,01 ponto percentual. O número é pequeno porque o
cálculo considera apenas o efeito das indenizações a transmissoras, sem levar
em conta outros fatores que influenciam o preço da luz.
A
Light negocia com a Aneel a antecipação de sua revisão tarifária para 15 de
março. A previsão da agência é que a distribuidora tenha alta de 12,36% para
todos os clientes (residencial, comercial e industrial). O peso da indenização
a transmissoras nesse reajuste seria de 4,53 pontos percentuais.
O
reajuste da área da antiga Ampla — hoje Enel — também entrará em vigor em 15 de
março e deverá já incorporar esse efeito. Mesmo com a pressão de alta, isso não
significa que as distribuidoras terão grandes reajustes neste ano. No caso da
Energisa Borborema, a primeira com aumento já aplicado em 2017, a queda seria
de 2,37%, mas tornou-se uma alta de 0,43% por causa das indenizações.
A
decisão da Aneel foi recebida com insatisfação entre os agentes do mercado, e o
assunto pode acabar na Justiça. A Associação Brasileira dos Grandes
Consumidores de Energia (Abrace) argumentou com a agência na consulta pública,
mas não teve seus pleitos para amenizar o impacto nas indenizações acatados.
Antes da decisão da Aneel, Edvaldo Santa, presidente da Abrace, disse que, se a
decisão não fosse favorável, o caminho seria recorrer à Justiça.
O
conselho da Abrace, integrado por empresas como Braskem, Vale, Gerdau e Alcoa,
deve decidir o que fazer após o carnaval. A decisão não agradou às próprias
distribuidoras, que vão receber o dinheiro. Elas achavam que deveriam receber
mais por uma distorção no reajuste do valor entre 2012 e agora.
— É
uma devolução do que nos tiraram em 2012 — disse Mario Miranda, presidente da
Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate).
Miranda
destacou que a demora no pagamento comprometeu a participação das transmissoras
em leilões de novas linhas de transmissão, prejudicando os próprios
consumidores por limitar a concorrência pela construção de linhas. As empresas
com mais recursos a receber são Furnas e Chesf, ambas ligadas à Eletrobras.
—
Quem vai pagar gostaria de pagar menos, e quem vai receber gostaria de receber
mais. Temos essa preocupação, mas estamos simplesmente cumprindo as obrigações
legais. Para a Aneel, não restou alternativa, que não fosse aplicar o que foi
estabelecido — disse Barros, da agência.
Segundo
agentes do mercado, advogados já foram sondados para ingressar em ação judicial
contra a cobrança da indenização das transmissoras. Para eles, há argumentos
jurídicos relevantes para apontar que essa conta deveria ser paga pela União, e
não pelos consumidores.
— A
chance de judicialização é altíssima, e a possibilidade de sucesso para
consumidores é tão grande que tem analistas do mercado financeiro trabalhando
com cenários alternativos nos quais grandes empresas reduzem seus custos na
Justiça — afirmou um agente do mercado sob condição de anonimato. Fonte: Blog do Orlando Tambosi -
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